Quase meio século
Semana que vem, completo 48 anos. Hoje de manhã, ao parar perto do aeroporto Santos Dumont para esticar os músculos retesados pela bicicleta, me dei conta de quanta história já deixei para trás.
Bem ao meu lado, estava a fachada do Clube Santa Luzia, onde, no início dos anos 80, eu fiz musculação na esperança de que meu corpo longilíneo ficasse igual ao do Superman. Ao me aproximar de uma das janelas do clube, vi os mesmos velhos pesos de ferro com que os fisiculturistas se exercitavam ali há 50, 60 anos. Os homens do passado se foram, deram lugar aos jovens bombados de hoje, mas os pesos são os mesmos. Isso é que é perenidade! Só os ferros do Santa Luzia e o Superman são imortais, aprendi com a idade.
Ainda viajava naquelas rodelas de 20, 40 e 50 quilos quando o som do rádio de um carro parado ali perto me chamou a atenção e me levou para outro momento remoto dessa minha jornada. Um motorista de estatal cabulava o serviço e cochilava ao som de um flash back, Camila, na versão do grupo Nenhum de Nós. E da velha sala de musculação do Santa Luzia me transportei para Brasília, onde eu morava quando aquela música tocava o dia inteiro nas rádios. Eu já era um pouco mais velho, experiente o bastante para crer que músculos pouco significam fora dos ringues de luta livre, mas ainda era ingênuo a ponto de acreditar na nobreza do jornalismo.
Cheguei mais perto do carro chapa branca desperdiçado para curtir o flash back quando notei, mais adiante, o imponente prédio do Museu de Arte Moderna, onde, aos 5 anos, ia com meus pais assistir a espetáculos de arte e exposições. Lembrei imediatamente do meu primeiro e único sapato branco, com o qual eu, pirralho maravilhado, corria por aqueles imensos espaços do MAM. Ali, naquela idade, eu já tinha aprendido tudo da vida, mas logo depois, na escola, me convenceram do contrário e quebraram minha bússola para sempre.
Ainda mais além do MAM, vi o prédio onde fica a sucursal de um grande jornal paulista em que trabalhei, isso já nos anos 90. E, às minhas costas, senti a maresia e o bater dos barcos da Marina da Glória, em cujo palco tive a rara oportunidade de assistir, há muitos, muitos anos, um show daquele grupo de rock feminino chamado Sempre Livre, lembra? "Free, sempre free, eu sou free demais..."
Andar pelo Rio quando se está perto de completar meio século é um constante relembrar. As memórias estão por toda a paisagem, com gostos ora doces, ora amargos.
Admiro os mais velhos por tudo que viveram. Admiro a imunidade a sobressaltos que adquiriram com o passar dos anos, com o cair e levantar. Não dão mais pulos de alegria nem se desesperam. Aprenderam que o tempo não passa, quem passa somos nós, nosso choro e nossas risadas.
Todo mundo aqui é passageiro.
Bem ao meu lado, estava a fachada do Clube Santa Luzia, onde, no início dos anos 80, eu fiz musculação na esperança de que meu corpo longilíneo ficasse igual ao do Superman. Ao me aproximar de uma das janelas do clube, vi os mesmos velhos pesos de ferro com que os fisiculturistas se exercitavam ali há 50, 60 anos. Os homens do passado se foram, deram lugar aos jovens bombados de hoje, mas os pesos são os mesmos. Isso é que é perenidade! Só os ferros do Santa Luzia e o Superman são imortais, aprendi com a idade.
Ainda viajava naquelas rodelas de 20, 40 e 50 quilos quando o som do rádio de um carro parado ali perto me chamou a atenção e me levou para outro momento remoto dessa minha jornada. Um motorista de estatal cabulava o serviço e cochilava ao som de um flash back, Camila, na versão do grupo Nenhum de Nós. E da velha sala de musculação do Santa Luzia me transportei para Brasília, onde eu morava quando aquela música tocava o dia inteiro nas rádios. Eu já era um pouco mais velho, experiente o bastante para crer que músculos pouco significam fora dos ringues de luta livre, mas ainda era ingênuo a ponto de acreditar na nobreza do jornalismo.
Cheguei mais perto do carro chapa branca desperdiçado para curtir o flash back quando notei, mais adiante, o imponente prédio do Museu de Arte Moderna, onde, aos 5 anos, ia com meus pais assistir a espetáculos de arte e exposições. Lembrei imediatamente do meu primeiro e único sapato branco, com o qual eu, pirralho maravilhado, corria por aqueles imensos espaços do MAM. Ali, naquela idade, eu já tinha aprendido tudo da vida, mas logo depois, na escola, me convenceram do contrário e quebraram minha bússola para sempre.
Ainda mais além do MAM, vi o prédio onde fica a sucursal de um grande jornal paulista em que trabalhei, isso já nos anos 90. E, às minhas costas, senti a maresia e o bater dos barcos da Marina da Glória, em cujo palco tive a rara oportunidade de assistir, há muitos, muitos anos, um show daquele grupo de rock feminino chamado Sempre Livre, lembra? "Free, sempre free, eu sou free demais..."
Andar pelo Rio quando se está perto de completar meio século é um constante relembrar. As memórias estão por toda a paisagem, com gostos ora doces, ora amargos.
Admiro os mais velhos por tudo que viveram. Admiro a imunidade a sobressaltos que adquiriram com o passar dos anos, com o cair e levantar. Não dão mais pulos de alegria nem se desesperam. Aprenderam que o tempo não passa, quem passa somos nós, nosso choro e nossas risadas.
Todo mundo aqui é passageiro.
Parabéns!
ResponderExcluirVamos comemorar. Não é todo dia que se completa 48 anos. Se vc está se achando velho, quando completar 60,70 vai olhar para traz e pensar como eu era jóvem e não sabia. Aproveite bem porque o tempo vôa.
ResponderExcluirParabéns adiantado... Vamos ter bolo?
ResponderExcluirSe uma amiga vier da França para a festa eu até compro um bolinho...
ResponderExcluirMarcelo ensina ai como postar assim: sérgio disse
ResponderExcluirMeus parabéns antecipados,velho!
ResponderExcluirParabéns, Marcelo!
ResponderExcluirE aqui, duas frases de personagens de quadrinhos que, apesar de crianças, sabem tudo em relação à passagem do tempo (rs):
Mafalda: "Se a vida começa aos 40, por que nascemos com tanta antecedência?"
Calvin: "Eu sei que a vida é uma jornada, mas eu estou cansado de perder tempo no trânsito."
Grande Marcelo,
ResponderExcluirConfesso que andava buscando seu Blog no JB sem sucesso, por algum tempo, até que recebi o convite.
Sou carioca, farei 48 em novembro (você é mais velho, rsrsrs), mas hoje vivo na Bahia, por conta da falta de concursos públicos para as Universidades na época de FHC.
Neste ponto você leva alguma vantagem, pois, apesar de muito bonita, a Bahia mantém índices sociais muito baixos, como herança, em grande parte, do Carlismo recente. Além disso, música aqui é sinônimo de axé, arrocha, forró universitário, pagodão baiano, calipso, etc.
Enfim, sucesso no Blog e me conte quando fizer os 50.
Li sobre a morte de Italo Rossi aos 80 anos, e, fico pensando como o tempo passa rápido. Mais 30 anos e terei a idade dele. E eu nem sei se chego até la. Tomara que exista vida após a morte.
ResponderExcluirGrande Macelo,
ResponderExcluirParabéns antecipado. Lendo seu Blog, me sinto feliz por ter completado meus 50 anos em fevereiro último. Você está cada vez mais lindo.
No quartel fizemos uma versão de Camila do Nenhum de Nós citando a perseguição sofrida por um colega. Altero o verdadeiro nome dele pra "Camilo":
ResponderExcluir♫ " O sargento pede a ele que vá embora, ôô...Camilo, Camilo"
anarquia oi só em cem anos ou mais...ou nunca.
Completei meus 34 no último dia 22 de julho. Parabéns!
ResponderExcluirQue Venham mais 48 com muita saúde, amor, humor e sucesso!
Que Deus te abençoe e te guarde!
Bjs de toda nossa família!
Aline Cleo Rodrigues
Parabéns,Marcelo !
ResponderExcluirFaço 48 em novembro,mas ainda não sinto o peso de quase meio século nas costas. Acredito que você também não ,pois na foto do blog,você ainda está muito bem !
Saúde,felicidades e comemore bastante !
William Blak - Parabéns pelo Aniversário, peloblog e ... DRoGA DA BOA vicia.
ResponderExcluirValeu, William e Teresa. Obrigado mesmo!
ResponderExcluirEu só vou chegar em setembro. Vamos comer bolo com 1 mês de atraso?
ResponderExcluirAntes tarde do que nunca,Tatiana.
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