Cavalos corredores

Outro dia, me deparei com uma partida de hockey, ou polo, na televisão. Esse jogo pode ser praticado sobre patins, sobre elefantes e até de bicicleta. Desta vez, era a cavalo. Como não é uma coisa comum ver aquele jogo em que quatro cavaleiros de cada lado tentam colocar uma bolinha no gol usando longos tacos, parei para ver.

Como espetáculo televisivo, é chatérrimo. Não dá pra passar muito tempo assistindo a um jogo em que você não consegue enxergar a bola. Tanto que sobrou para o Canal Rural transmitir. Um canal segmentado, líder de audiência nas cocheiras e estábulos.

Mas uma coisa salta aos olhos de um telespectador leigo como eu: os cavalos sofrem!

Os primeiros indícios desse jogo datam de 600 anos antes de Cristo, ou seja, quando ele foi criado não havia nem sombra da Sociedade Protetora dos Animais. À Inglaterra, chegou por volta de 1870, e o príncipe Charles, aquele mesmo que sambou com a Piná da Beija-Flor, é ou foi um de seus praticantes mais notórios. Chegou até a quebrar o braço em três lugares numa queda durante uma partida.

O fato é que se esse esporte equestre nasceu com os guerreiros bárbaros, mas hoje é praticado pela elite da elite. Gente que pode dispor de vários cavalos para usar durante uma única partida, tal é o desgaste dos animais.

Tendões, apesar da proteção, sofrem com as mudanças bruscas de direção impostas pelo caveleiro que persegue a bolinha e os adversários. E imagine os estragos que os arreios não fazem na boca do animal como o corre-freia e o direita-esquerda.

Numa das jogadas que vi na partida entre São José e Invernada, disputada no interior de São Paulo, um jogador simplesmente errou a bola e bateu o taco com toda a força na canela do seu próprio cavalo. Senti a dor pelo bichinho.

O jogo era pela Tríplice Coroa, e os cavalos penaram também com o calor que fazia.

O mais curioso é que o jogo tem faltas, mas todas que vi marcadas foram cometidas nos cavaleiros, nunca nas pobres montarias...

Para os homens, aquilo é um prazer lúdico, mas o cavalo não tem consciência do jogo. Para ele, me parece mais uma tortura do que um divertimento.

Foto de divulgação

Comentários

  1. É, Marcelo, é por estas e outras que, na maioria das vezes, não consigo ter fé na espécie humana, que, de "humana", pouco tem.

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  2. Esqueci de dizer que a foto de hoje é maravilhosa.

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  3. Belo texto, Marcelo. Obrigado e parabéns por usar o espaço do seu blog para conscientizar um pouco as pessoas sobre os animais, como no texto também sobre os zoológicos. Eu não como carne por causa disso, mas confesso que não tinha parado para refletir no egoísmo que os zoológicos representam. Este esporte é igualmente injustificável. Quem sabe aos poucos, com pequenos toques, mais e mais gente vai se conscientizando do respeito aos bichos. Abs.

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  4. Oi Marcelo,passei só para alimentar o vício,pois não gosto sequer de falar sôbre maltrato aos animais... Bjs.

    Monica.

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  5. Marcelo, você deveria reunir seus melhores contos ou causos e colocá-los em um livro. Aposto que venderia muito, pois você tem textos excelentes, como esse por exemplo.
    Pense na idéia, eu seria o primeiro a comprar.
    Cury

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  6. Marcelo,pra não dizer das corridas no Jóquei,com os cavalos correndo e apanhando,sem falar que quando estão emparelhados,é costume um jóquei chicotear os olhos do cavalo adversário... Maneiro,né?
    A Fernanda está certa,e acrescento que o ser humano é um projeto que não deu certo...

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