O funk do quebra-piroca
A gravação de um documentário me levou ao alto do morro Pavão-Pavãozinho, que é o lado B de Copacabana e Ipanema, os dois bairros mais emblemáticos da Zona Sul do Rio. Lá de cima, a vista das ilhas Cagarras é deslumbrante.
O morro Dois Irmãos é como a Zona Sul, o primo pobre e o primo rico. A Pedra da Gávea testemunha essa história de amor e ódio desde o início.
Lá embaixo, outras aves na lagoa...
Em cima, o futuro do Brasil desbrava seus horizontes.
PMs da UPP? Só vi na entrada da favela. Como patrulhar tantos becos claustrofóbicos?
Como tomar conta de tudo?
Onde a liberdade não tem fronteiras e quem solta a pipa também está no céu.
Crianças brincam nas vielas ao som do funk altíssimo que emana de um barraco psicodélico...
É o funk do "quebra-piroca", diz a letra que as menininhas ouvem sem querer desde cedo numa lavagem cerebral precoce. Imagino a vizinhança evangélica obrigada a conviver com a trilha sonora do capeta.
Bem-vindo ao topo do mundo.
Sensacional!!!!
ResponderExcluirParabéns pelo brilhante texto.
ResponderExcluirHoje eu escutei uma música que tem um trecho que lembra bem o desespero de Cabral com a hostilidade do povo, penso que ele deve estar dizendo toda hora:
Agora, meu Deus, o que eu faço agora ? (João Nogueira - Pimenta no vatapá).
E nós estamos cantando Elis Regina:
Não venha querer se consolar
Que agora não dá mais pé
Nem nunca mais vai dar...
Quaquaraquaquá, quem riu
Quaquaraquaquá, fui eu
Quaquaraquaquá, quem riu
Quaquaraquaquá, fui eu
Cury
O funk do "Quebra Piroca" foi feito em resposta ao funk "Perereca de Aco"??
ResponderExcluirAs ótimas e expressivas fotografias não deixam margens a dúvidas.Evidenciam o contraste injusto/desumano entre o Éden: A natureza deslumbrante e o Hades : as "condições" de habitabilidade deprimentes e/ou precárias da(s) favela(s).Considero um cinismo - como tudo que é neoliberal - mudar o nome para comunidades sem lhes alterar as condições favelescas, digamos assim.
ResponderExcluirO mais trágico são as duas grandes sacadas:"Em cima, o futuro do Brasil desbrava seus horizontes", que, sinceramente, não vejo para a maioria absoluta desta gente humilde... sem a menor condição de competir com os mauricinhos e patricinhas do asfalto .Sei que muitos nefelibatas dirão: mas o Lula que teve condições similares... chegou lá. Não estou-me referindo à exceção de exceções elevada à pentelhésima rs potência. Estou falando das "condições normais de temperatura e pressão". Logicamente, "Sobram razões para tantas meninas novas com filhos pequenos...", ou seja, para a reprodução irresponsável, alienada, etc., perpetuando, destarte, a pobreza. Os pobres (sem nenhum preconceito, ninguém é pobre porque quer...e nada garante que eu não possa vir a ser - que Deus se apiede de mim rs) contribuem diretamente -fazendo filhos sem pensar no amanhã...como os coelhos (ratos seria ofensivo eu sei) -, para a eterna perpetuação da miséria. É de chorar. O mais paradoxal é que eles sonham com a riqueza, claro...e, nesta questão primordial , ignorantemente não imitam os ricos, que possuem no máximo 2 filhos e em condições mais do que favoráveis, né?Com este aumento em progressão geométrica da pobreza não há bolsa família , nem quantidade de creches que dêem conta e jeito.Problemaço insolúvel, enquanto não houver um programa sério de controle de natalidade, uma vez que os "pais" , a escola, as religiões (aqui mora o perigo, nem camisinha pode (pode??? tamanha absurdidade???), e estado não são suficientes para orientar estas meninas e meninos. Até a população de rua (mendigos é politicamente incorreto, cinicamente, pois continua e aumenta a mendicância, pelo menos no Rio), se reproduz assustadoramente.Não conheço cena mais deprimente do que ver meninas pedintes/mendigas desfilando seus barrigões ."Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas"(Cazuza, genial)
A segunda espetacular sacada é o funk quebra piroca como "a trilha sonora do capeta". Este tipo vulgaríssimo e tosco exatamente pela falta de música e letra e melodia e vocais, por isto conceitualmente INSUPORTÁVEL para quem tem um mínimo de bom senso, criticidade e sensibildade, é o vulgo funk carioca de putaria, (eu chamo de melô do esgoto/lixão...não por acaso oriundo das "comunidades"). Sempre imaginei-o como o hit, o "must have", o "the best" do DJ FERRABRÁS, para a trilha sonora ininterrupta (cruzes!!!) dos desgraçados lançados sem dó nem piedade nas profundezas "dusinferno"rs.
Bom finde
Marcos Lúcio
As questões acerca da cidadania estão em voga desde a década dos anos 90. Acredito que a queda da URSS marcou o fim da etapa do embate puramente político-ideológico, onde OTAN e Pacto de Varsóvia, representados por seus militares odiavam-se em função meramente do foco sócio-político econômico.
ResponderExcluirCom isso, tal fato possibilita, para quem não tem preguiça de estudar para aprofundar e consequentemente amadurecer o pensamento para realizar as críticas a um país ou bloco, esteando-a em argumentos sólidos.
Por outro lado, os(as) velhacos(as) dos tempos antigos, que no fundo sempre foram indolentes natos, continuam lendo, estudando e ensinando suas desbotadas e amareladas cartilhas de pretensos saberes e verdades insólitos. Criando com isso, novas gerações doutrinadas, que tal qual copistas, só sabem repetir o que pensam ser a sapiência de seus mestres, tal qual "Pombos de Estátua".
Sou naturalmente desconfiado de doutrinadores(as) pois como a etimologia da palavra estipula, doutrina é uma verdade absoluta, calcada num dogma ou mistério, que não aceita ser contestado ou discordado, pois caso contrário desaba, pois a verdade absoluta do dogma não possuí argumento lógico, científico, sólido para sustentar-se. Doutrinadores são naturalmente autocráticos e como tal são aclamados como "Papas", "Mestres", "Líderes", "Reis" e "Imperadores", "Heróis" e como parte desse jogo de dominação e convencimento psicológico sobre mentes mais tendenciosas a serem submissas e tímidas, mantêm sempre o ar da empáfia, da superioridade professoral de quem é dono da verdade. Meu estilo é mais para pensador, pois nunca fui de fugir de embates que surgiram em meu caminho, muito menos, de um embates meramente intelectuais e calcados em bases epistemológicas ou científicas. Adoro doutrinadores para trucida-los sem piedade ou recuo (risos).
Mas o fato é que em nossa política, principalmente nas políticas públicas, já que são bancadas com o sustento financeiro de toda sociedade e portanto devem atender a todas as necessidades proporcionais desta, não são traçadas com maturidade e seriedade. Nossa sociedade precisa perder a mania de ícones de feituras e lideranças personificados por uma figura ou pessoa e aprender a pensar, sentir e raciocinar mais como instituição. As pessoas físicas e seus rótulos e ícones que lhes são atribuídos um dia morrem, mas as instituições, embora sejam pessoas jurídicas compostas por pessoas físicas, mas mesmo assim pessoas, também evoluem, involuem, morrem ou transformam-se.
Portanto, resta a sociedade brasileira saber, ter a ciência e consciência em que direção caminha, porque caminha e porque o passo evolutivo desta mesma sociedade no tempo e espaço da história é tão lento, demorado, modorrento.
Felicidades e boas energias.
Caro Marcelo que seu texto é bom eu já sabia, mas como fotógrafo sou obrigado a te parabenizar pelas fotos, que estão cada vez melhores.
ResponderExcluirAbs. Cláudio
Um dia eu chego aonde você está. Grande abraço!
ExcluirEsse Marcelo é muito humilde com seus feitos.
ResponderExcluirNoticia ruim que acabei de ler na Band.com.
Sarney tem melhora e recebe alta da UTI em SP
Não foi dessa vez !!
Cury