Um peixe chamado boi...
Meio sem jeito, o guia e agente de preservação do Projeto Peixe Boi diz que seu pai comia a carne desse incrível animal. Resisto mas não consigo evitar a brincadeira.
_ Devia ser bom porque era almoço tipo dois-em-um: peixada e churrasco ao mesmo tempo.
Felizmente, a algazarra no pequeno barco não deixa ninguém ouvir a piadinha ordinária.
Todos estão mais preocupados em avistar pelo menos um dos animais mantidos numa área controlada em Tatuamunha, município de Porto de Pedras, em Alagoas. Nem todos os turistas conseguem. Muitos vêem apenas os sinalizadores presos a cada um dos peixes e que ficam sempre flutuando na superfície. Aliás, para conseguir prender a engenhoca no peixe-boi, usa-se uma tática meio sacana, literalmente. Um dos tratadores começa a alisar o órgão sexual do animal até que ele fique excitado e envergue o corpanzil. Aí um segundo homem aproveita para colocar a cinta que prende o sinalizador. Depois, conta o guia, quando descobre o logro, o peixe-boi fica fulo da vida. E não queira levar uma lambada desse gigante que chega a medir 3 metros e pesar 500 quilos.
Nosso grupo até que teve sorte. Primeiro, vimos o dorso de um deles, dormindo, perto da margem do rio que leva o nome do lugar. Mesmo durante o sono, ele volta-e-meia coloca as narinas fora d'água para respirar.
Alagoas é linda. Muita miséria da maioria contrastando com a opulência da minoria abastada. Às vezes, parece que as coisas aqui estão por um fio...
A pátria educadora nunca foi tão necessária.
Mas, de volta ao peixe-boi, fico sabendo pelo guia que o animal transita com desenvoltura pelo rio e pelo mar. E, no projeto, já até deu cria, o que só aconteceu depois de os biólogos e ribeirinhos descobrirem que era preciso soltar uma fêmea e dois machos, porque ela só aceita acasalar se, antes, o felizardo tiver sobrepujado um rival para merecê-la. Mulheres... bááá...
Claro, o peixe-boi não está sozinho nesse paraíso. Caranguejos habitam a área de manguezal, também preservada. Depois, fui provar a iguaria. Dá muito trabalho pra abrir e o conteúdo não compensa. A maior parte da carne tem gosto de coração de galinha, o mais gostoso está nas pernas, em doses pra lá de racionadas.
É melhor vê-los no mangue do que em cima da mesa...
E a turistada lá, fotografando e falando sem parar. Talvez por isso os peixes-boi não apareçam tanto. Escutam e enxergam muito bem, diz o guia.
O passeio termina e vamos embora reverenciando novamente a natureza, torcendo para que o peixe-boi, mesmo tendo virado atração turística, continue sua incrível sina evolutiva.
Elis Regina cantava:
ResponderExcluirO Brasil, não conhece o Brasil
O Brasil, nunca foi ao Brasil
(Querelas do Brasil)
Infelizmente os brasileiros desconhecem 90% do Brasil.
Cury
Quanta maravilha que esse gigante adormecido nos oferece. No entanto o que mais se assiste na internete são Maravilhas de outros mundo. Deveríamos dar mais valor ao que é nosso.
ResponderExcluirEsse é o novo nordeste após um governo que finalmente olhou para essa região tão importante do País. Logo veremos comitivas de paulistas em direção ao nordeste em busca da água que hoje não existe mais em São Paulo. Quanto ao caranguejo, alguém precisa te ensinar a comer para você ver que realmente compensa. Se não tiver jeito tente uma casquinha ou um catado.
ResponderExcluirCasquinha eu como direto, adoro. Abraço.
ExcluirPois é: entre a caça e o caçador quem vence? A magnífica natureza, sempre. Os peixes-bois sobrevivem sem a nossa presença, assim como a natureza que existia antes da nossa desastrosa chegada rs.Belíssimas fotos..
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