Síndrome de Down no cinema

Odiei concluir isso e odeio ainda mais falar aqui no blog, mas de que vale um blog se a gente não diz o que pensa?

Fui ver o filme Colegas, protagonizado por três atores com síndrome de Down. O filme foi muito badalado porque um deles convidou seu ídolo, Sean Penn para vir à estréia. O ator norte-americano não veio, apesar de todos os apelos pelas chamadas redes sociais. Acho que até foi melhor assim...

Entrei no cinema esperançoso de ver uma história que ressaltasse as semelhanças dos downianos conosco, os ditos normais que roubam, corrompem, estupram, matam, exploram, mentem etc...

Esperava ver na tela a imensa quantidade de afeto e pureza que essas pessoas trazem dentro de si, assim como nós, que perdemos e sufocamos tudo quando começamos a conviver na chamada sociedade de consumo. Esperava ver a sedutora inadaptação e ausência de preconceito própria de todas as crianças ainda não corrompidas pelos adultos. O romance entre o casal também não foi desenvolvido como poderia.

No entanto, o que vi foi um filme que pareceu feito às pressas. Um arremedo de road movie que poderia ser muito bem estrelado por três adolescentes convencionais. Em meio à correria do roteiro, o que se enfatiza são as reações histriônicas, como na batalha de arrotos no restaurante refinado.  Nem a trilha sonora com músicas de Raul Seixas, o "Maluco Beleza", consegue imprimir o que, acho, o cineasta tinha em mente. A espontaneidade descompromissada foi reduzida a um pretexto para o riso fácil. Superficial é a palavra.

Faltou sensibilidade, tempo pra pensar sobre como essas pessoas se inserem nesse mundo muito louco que nós, os normais, construímos a cada dia, cúmplices que somos do caos geral, apesar do nosso discurso politicamente correto da boca para fora.

Uma pena, o filme de ficção definitivo sobre o tema ainda está para ser feito. Ou já foi e eu não assisti.

Esse, infelizmente, só reforça o preconceito.

Comentários

  1. Prezado blogueiro...muito obrigado por poupar-me tempo e dinheiro. Sinceramente, quando vi o trailer do filme, senti-me exremamente desconfortável e atpe constrangido...só e justamente pelo aspecto absolutamente superficial e idiota das cenas: "as reações histriônicas, como na batalha de arrotos no restaurante refinado. Nem a trilha sonora com músicas de Raul Seixas, o "Maluco Beleza" consegue imprimir o que, acho, o cineasta tinha em mente. A espontaneidade descompromissada foi reduzida a um pretexto para o riso fácil. Superficial é a palavra".Por por isto, "infelizmente, só reforça o preconceito".

    Raramente minha intuição (o que nada a ver com preconceito tem) falha. Brilhante sua análise e tenho certeza de que seus argumentos procedem, conceitualmente.
    Marcos Lúcio

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  2. Vou dar uma de D. Eugênio Salles, que declarou que não viu e não gostou do polêmico filme Je Vou Salue, Marie.

    Pelo trailer deu para ver que Colegas não é o que eu esperava, pensei que o filme tivesse uma linda história, como o Intocáveis,

    Sobre o filme Colegas: Não vi e não gostei.

    Cury

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  3. Assisti a entrevista que Marilia Gabriela fêz com o Diretor e atores do filme, além de passagens do mesmo. A entrevista chata, marcando todo tempo, a falta de preconceito do Diretor. Sobre as imagens apresentadas, achei-as infantilóides, Não verei o filme e não veria, mesmo que fosse com adolescentes, ditos normais.

    ANTONIO CARLOS

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