Noites cariocas

Nada como uma metrópole às quatro e meia da manhã. No inverno, ainda está escura e deserta nesse horário. É possível pedalar na contra-mão em plena Nossa Senhora de Copacabana. Uma cidade quase fantasma. Nem os passarinhos acordaram, silêncio total. Um notívago aqui, um PM ali, outro PM acolá. De madrugada, a Avenida Atlântica tem um carro da polícia a cada 300 metros, isso sem falar nos guardas municipais.

E tem também um maluco que foi dormir às dez da noite pra madrugar e fotografar a noite carioca.

Copacabana Palace, Rio/Foto: Marcelo Migliaccio


Só depois de muito tempo pedalando, um comércio aberto enfim, essa loja de sucos, na esquina que, durante o dia, é uma das mais movimentadas e barulhentas da cidade: Barata Ribeiro com Figueiredo Magalhães. A loja simplesmente nunca fecha.

Loja de suco em Copacabana/Foto: Marcelo Migliaccio


Olha a Praia de Ipanema dormindo...

Praia de Ipanema, Rio/Foto: Marcelo Migliaccio


Mas a noite passa rápido, quase tão rápido quanto a vida.

E o Quadrado da Urca vai acordando...

Quadrado da Urca, Rio/Foto: Marcelo Migliaccio


Na Praia Vermelha, os primeiros movimentos do dia...

Praia Vermelha, Rio/Foto: Marcelo Migliaccio


... se misturam aos últimos da noite.

Praia Vermelha, Rio/Foto: Marcelo Migliaccio

Num passe de mágica, o sol dá medalha de ouro aos prédios da Praia do Flamengo.

Praia do Flamengo, Rio/Foto: Marcelo Migliaccio


Um belo dia pra não falar de política.

Comentários

  1. E para ter a sensibilidade necessaria para captar as imagens que muitos passam sem notar, meu caro.

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  2. Um certo deputado disse uma vez que "a política é a arte do possível".

    Viver é a arte do impossível, especialmente num país como nosso, "purgatório da beleza e do caos".

    A canção Belo Estranho Dia de Amanhã da Roberta Sá casa com este belo post.

    Vamos ouvi-la?

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  3. A beleza dessas fotos estão no horário em que foram tiradas.
    Bem sacado e oportuno.
    Sergio.

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  4. Essas fotos explicam porque o apelido de Cidade maravilhosa !!

    Cury

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  5. Belíssimas fotos...mas, convenhamos, para esta metrópole famosíssima, estar (quase)sem viva alma na rua em plena Nossa Senhora de Copacabana...só pode ser sinal de medo da violência.
    Marcos Lúcio

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  6. O comentario do nobre missivista eh o tipico caso de quem quer fazer piada sem entender bem o texto do post. Pior do que a violencia do Rio eh a desinformacao sobre a mesma. Moro numa cidade 10 vezes menor que o Rio, mas com violencia igual ou ate maior.

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    1. O ilustre parecerista Clistenes pareceu-me, com todo respeito, possuidor de " uma caracteristica marcante da turma da direita: se achar dona da verdade e tudo o que ela fala (...) deve ser considerado verdade incontestavel. Ai quando voce contesta sua opiniao com argumentos solidos(...) sai ... dizendo que voce nao entende nada".

      Só como divertimento, farei uma singela réplica. Por morar desde 1974 nesta cidade, é que posso_por experiência e observação_ supor que o movimento das madrugadas caiu bastante , por questões óbvias de violência. Ainda saio bastante à noite e todos os motorista de táxi afirmam que o movimento , principalmente nas madrugadas do bairro, caiu substancialmente nos últimos 10 ou 20 anos. Daí ...uma pessoa qualquer concluir, irrefletida e apressadamente, que a violência é exclusiva do bairro, venhamos e convenhamos, é...(in)conclusão da própria e de mais ninguém.

      Para não ficar dúvida de que não sou o único que cogita esta evidência solar, vou dar voz a quem de direito, colunista do JORNAL DE COPACABANA, referindo-se apenas a um certo endereço, naturalmente sem isentar os demais.

      Cordialmente,

      Marcos Lúcio

      Praça Serzedelo Correia
      Quem mora em Copacabana ou passa pela Praça Serzedelo Correia, a Praça dos Paraíbas, fica receoso com os mendigos e menores infratores do local. Muitos deles cheiram cola e roubam os pedestres, de dia ou à noite.
      Além dos moradores,os comerciantes da área também são prejudicados com a perda de clientes.
      Para tentar melhorar essa situação, alguns lojistas resolveram contratar seguranças particulares, como é o caso de Antonio Militão, gerente do restaurante La Mole, em frente à praça. “Eles quebraram dois vidros do carro de um dos meus clientes e tivemos que arcar com o prejuízo. Pedi à Polícia Militar que colocasse um polígono de segurança na área, mas até agora não fui atendido”, afirma. O gerente acredita que, mendigos e pivetes vem para Copacabana porque as pessoas os ajudam com doações.
      A Igreja Nossa Senhora de Copacabana oferecia, todos os dias, sopa para os moradores de rua. Com as reclamações da vizinhança, passou a distribuir quentinhas nas praias apenas uma vez por semana. Segundo Paulo Adrião, colaborador da igreja, os fiéis reclamam muito, a paróquia esvaziou um pouco, pessoas que participavam dos cursos da igreja (que terminam tarde), já não vão mais com medo de assaltos. Para ele, os fiéis que ainda doam dinheiro aos pedintes, ajudam a mantê-los ao redor da igreja.
      Uma dona de casa, que mora em frente a Praça dos Paraíbas e que não quis se identificar, disse ter muito medo de andar pela praça e que teme a chegada do verão e dos turistas. Segundo a moradora, no verão passado o número de mendigos e pivetes aumentaram, pois vêem nos turistas uma boa oportunidade de ganhar dinheiro através de doações e/ou assaltos: “A praça está sempre cheia de pivetes e mendigos, eu já mandei e-mail solicitando guardas para rondar o local, mas não fui atendida. Embora, às vezes, tenha policiamento durante o dia, depois das seis horas da noite não se vê um policial no local. A minha mãe não sai mais de casa, só se for com o táxi esperando na portaria do prédio.”, afirma.

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  7. Esse lance de ficar pentelhando um e outro toda hora é coisa de direita, de esquerda, norte, sul, leste ou oeste? drum

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  8. A grande questão é conhecer o seu País antes de tecer qualquer comentário a respeito do mesmo. Violência infelizmente existe no País inteiro e para quem não sabe ainda a cidade eleita como a mais violenta do País foi uma cidade baiana próxima a Salvador com pouco mais de 100 mil habitantes. Essa conclusão foi obtida com base em estatística e não na opinião de colunistas ou de qualquer pessoa com alguma capacidade de discernimento, com todo o respeito que qualquer uma delas mereça. A mídia infelizmente, parece as vezes fazer questão de que o Rio pareça mais violento do que realmente é, e nessa onda pessoas incautas muitas vezes acabam repetindo o discurso sem se preocupar em entender as diferentes motivações para tal. Infelizmente já conhecemos este discurso exaltado e já partindo para o uso de termos chulos quando faltam argumentos. Mas isso é comum em nossa sociedade e com o tempo vamos aprendendo a conviver com todos, mas "Sem perder a ternura jamais".

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  9. Para continuar, e encerrar, cordial e respeitosamente, a brincadeira...somente uma pessoa precipitada _de direita, esquerda, de centro ou alienada, tanto faz_ ou com dificuldade para analisar um texto, ou mesmo por preguiça de lê-lo atentamente, poderá concluir ,inadvertidamente, que referi-me à Copacabana, e, por extensão, ao Rio de Janeiro, como o local mais violento do mundo ou do Brasil. Até quem não conhece o país (eu só conheço todas as capitais e muitas cidades do interior)já sabe que violência, é coisa nossa (também), e não só o samba, o futebol e a caipirinha.

    Reitero, portanto, o que digitei no meu comentário anterior: "Daí ...uma pessoa qualquer concluir, irrefletida e apressadamente, que a violência é exclusiva do bairro, venhamos e convenhamos, é...(in)conclusão da própria e de mais ninguém".

    Acredito que haja cidades mais violentas do que esta baiana que tooodo mundo já sabe e citada pelo digníssimo parecerista. Ele, pelo que alardeia, supostamente é um profundo conhecedor do Patropi (do Caburaí ao Chuí, e não do Oiapoque ao Chuí como muitos mal informados supõem).

    Tenho por hábito frequentar o bairro de Copacabana, que adoro, inclusive nas altas madrugadas dos finais de semana, e considero-o seguro, pelo menos nas imediações dos locais onde estou e vou. O Rio de Janeiro onde habito desde 1974, até agora, tem sido um lugar seguro...e olha que ando a pé todos os dias, pelo centro e zona zul, e sem problemas de violência, graças a Deus. Também por isto, sei conviver com todos e todas, com respeito e, às vezes, com a prudente distância... mas, claaaaaaaro!..."sem perder a ternura jamais".
    Encerro aqui os trabalhos, foi divertido, mas esta brincadeira já deu o que tinha de dar.
    Marcos Lúcio

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  10. Admiro a capacidade que algumas pessoas têm de repensar o que disse e chegar a conclusões diferentes sobre o que achava antes. Raul Seixas já destacava isso em sua Metamorfose Ambulante. Bastou um pouco de reflexão para vermos que a cidade do Rio de Janeiro não é mais ou menos violenta que várias outras do País. Por esse motivo parabenizo o nobre missivista. Não é do meu feitio ficar alardeando conhecimento sobre este ou aquele assunto e prefiro que os interessados tirem suas próprias conclusões. Acredito que o assunto acaba quando cessam os argumentos de ambas as partes e eu, particularmente, ainda os tenho em profusão para este e muitos outros temas propostos.

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  11. Cena emblemática de filme: um macaco super-ultra inteligente, aprisionado e torturado, deflagra uma revolução. Ele aprende a pronunciar a palavra 'não', ao se defender da enésima agressão, imobilizando e tirando o carrasco de ação.

    Everybody macacada foge. Objetivo: liberdade. Destino: floresta. No combate, esquivando-se de balas e contra-atacando com carros e pontes arremessados, havia um policial, caído, ferido, desarmado e rendido prestes a ser assassinado por um primata alucinado de ódio com a arma do agente na mão para ele apontada, dedo no gatilho e o brado de 'não' do líder evita o crime de guerra. Meio q saindo de um transe, meio q envergonhado, cabisbaixo, mas não pestaneja, larga a espingarda e prosseguem na legítima ação, arremessando carros e pontes sobre a polícia, sem perder a ternura.

    Free Bradley Manning

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  12. Muito boas e emblemáticas estas fotos. Sei que o debate está encerrado,embora eu considere que o Marcos estivesse mais se divertindo ou fazendo neuróbica(?!), certamente.Mas até agora não entendi como alguém pode manipular ou distorcer o que outros dizem (e com qual intenção?). Sei analisar textos e não vejo dificuldade em entender:"só pode ser sinal de medo da violência.", ou "Daí ...uma pessoa qualquer concluir, irrefletida e apressadamente, que a violência é exclusiva do bairro, venhamos e convenhamos, é...(in)conclusão da própria e de mais ninguém". Tenho amigos e parentes residentes em Copacabana que evitam sair à noite e já ouvi, também, de motoristas de táxi, que o movimento das madrugadas teve retrocesso por causa da violência. Mas isto não coloca outras cidades ou bairros em condições mais favoráveis. Em outras cidades, não é diferente, pois como tão bem disse ele, a respeito do Brasil: "a violência, também, é coisa nossa". Portanto ele não mudou de opinião.Só digitei porque não suporto injustiça e fico indignado quando sou mal interpretado. Maa como conversa que não se entende não se estende, não voltarei ao assunto por ter coisas muito mais importantes e urgentes a fazer, pois raramente tenho tempo para visitar um blog tão bom quanto este.
    Danilo.

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  13. Achei que o tema estivesse esgotado e o assunto encerrado e ja estava abordando outros temas do Blog. Mas considero que seja melhor mesmo mudar de tema, pois, alguns missivistas estao com alguma dificuldade de concatenar as ideias e por mais prolixos que sejam nao conseguem expor suas opinioes de forma contrutiva para o debate. Como eu disse antes, nem todos conseguem repensar ou reconsiderar o que disse em outro momento, e mais uma vez parabenizo os leitores do blog que demontram essa flexibilidade altamente salutar.

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  14. Infelizmente o trabalho_ e outras instâncias_têm-me consumido e falta-me tempo para ler todos os ótimos posts migliaccianos. Quando excepcionalmente consigo, leio os títulos e abro o que mais instiga. Com este altamente sedutor: NOITES CARIOCAS, posto que adooooooooooro esta cidade, além das fotos deslumbrantes, deparei-me com um delicioso barraco filosófico "chiquerésimo"(rs). Sinceramente, mais uma vez o Sr. Marcos brilhou Sempre concordo e admiro se/quando, raramente o leio, inclusive no ótimo blogue Alma Lavada. Tornou-se, até agora, meu comentarista preferido. Parabenizo-o, também pela elegãncia...respeitou a indicação de debate encerrado, sugerida pelo postador. Argumentos fundamentados e elaborados com argúcia, certamente ele possui, e de sobra.Talvez para não perder tempo, ele também não continuasse neste "imbroglio" virtual.Diverti-me tanto quanto ele.

    P.S...como a capacidade de discernimento está em baixa, parece, não concluam apressadamente que sou ou queira ser a dona da verdade, ou que sou amante dele. Só não suporto avaliações injustas ou conclusões precipitadas, das quais ele foi vítima notoriamente.
    Verônica

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  15. O tema desse post está me lembrando a história da Fênix. A gente acha que ele está acabado e de repente ele ressurge belo e frondoso. O assunto principal seria a beleza da cidade durante a madrugada, mas um tema aparentemente simples se multiplica em muitos outros como violência urbana, conhecimentos geográficos, cinema, capacidade de interpretação de textos, e por último, mas não menos importante, modéstia e fã clube. Tudo isso só ressalta a qualidade do Blog e a capacidade intelectual dos seus leitores, apesar do excesso de modéstia e da presença de uma "claque" muito competente, diga-se de passagem.

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    1. Caro Alexandre, aqui não tem claque. A que tinha pediu demissão por falta de pagamento... rs. Abraço

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  16. Prezado Marcelo. Por favor não me entenda, nem leve a mal a brincadeira.
    Na verdade não me referia a este Blog, mas aos missivistas que se manifestaram especificamente neste post. Se eu conseguir me fazer entender confesso que me sentirei de "alma lavada" rsrsrs...

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  17. Sei...mas acho que não entendeu a minha??? Espero que eles entendam..rsrs..

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  18. Fantásticas as fotos! Beijos, Denise Coutinho

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  19. Uma pena eu não ter visto esta postagem mais cedo... De vez em quando, visito este blog e divulgo algumas coisas que gosto - e há muitas as coisas de que gosto nele !
    Não vou entrar no mérito das discussões anteriores, embora até concorde com alguns dos argumentos...
    O que mais me importa, Marcelo, é que comecei a vir aqui pouco depois de você deixar o Jornal do Brasil, onde conheci seu texto.
    Texto de que gostei por sua grande sensibilidade, que você agora demonstra também ter no registro do olhar que lança sobre a cidade, com essas fotos. Aliás, são lindas, parabéns.

    Um abraço carioca do Roberto

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