A árvore me deixou um filho!

Aí está mais uma evidência de que a diferença entre a magia e a coincidência está nos olhos de cada um.

Foto: Marcelo Migliaccio


Contei recentemente aqui a história da árvore em frente à minha casa que, chamada por mim, entrou pela janela numa das maiores provas de amor que eu já tive. Narrei também a tristeza quando aquela Senna alexandrina subitamente adoeceu e acabou secando inteira, pondo fim a uma relação que já durava quarenta anos.


Foto: Marcelo Migliaccio
O momento em que nos tocamos
Foto: Marcelo Migliaccio
O doloroso final

Pois bem, recuperado da dor da perda, ocasionada por uma praga ou por maldade humana, eu já contemplava e dedicava o mesmo carinho ao ipê plantado pela prefeitura no lugar onde minha amiga vivia. Como fiz com ela, acaricio o tronco ainda fino da criança que agora cresce a olhos vistos.

Foto: Marcelo Migliaccio
                 
Agora vem o incrível, o fantástico, o extraordinário. Numa dessas manhãs, fui surpreendido ao olhar para o canteiro que fica ao lado do portão da minha casa. Não acreditei no que vi e acho que só pode ser mais uma prova de que os vegetais sentem e talvez até raciocinem como nós, humanos. A minha querida Senna alexandrina (que nome lindo para uma mulher) deixou um filho!


Foto: Marcelo Migliaccio

Talvez uma semente dela tenha caprichosamente caído no canteiro e dali brotado o seu rebento. Nunca vou saber. Talvez ela mesma, inteligente que é apesar de não sair do lugar, de não ter olhos como os nossos nem um cérebro como o conhecemos, tenha direcionado aquele grão exatamente para ali, já que as árvores são amigas do vento desde sempre (os dois adoram dançar juntos). Uma parceria da natureza  impossível para os idiotas da objetividade, mas não para os que levam a vida sonhando.

Foto: Marcelo Migliaccio

Pode ser que não seja uma Senna, apenas um arbusto da mesma família; não parente consanguíneo, ou melhor "conseivático" da grande árvore morta. Repito, nunca vou saber. Pode ser que nem vingue, já que o canteiro é diminuto. O que sei é que vou tratá-lo como um filho daqui por diante e tentar levá-lo para uma área maior onde possa crescer e ser feliz.

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Comentários

  1. A árvore foi tão amada por você que lhe deixou um filho.
    É amando que se é amado, ADOREI!!!

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  2. Gostei tanto deste filho quanto havia gostado da mãe, Marcelo. Um brinde à sensibilidade! (quanto à consciência e sabedoria dos vegetais, nem é preciso recorrer à Ayahuasca para sermos transportados a outras dimensões da vida - árvores e arbustos podem ser mensageiros da luz divina, grandes amigos e parceiros nossos) Um abraço!

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  3. Marcelo. Não esqueça que no nome científico de uma espécie, o primeiro termo (gênero) ê sempre escrito com letra maiúscula.

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  4. A árvore mãe sabia que sua filha não ficaria orfã ao nascer em frente a sua casa.

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  5. Mais de um mês sem escrever nada. O que houve?🤔

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