Debaixo do pano

É sabido que aqui no Brasil muita coisa acontece debaixo do pano. Mas uma delas ainda passa despercebida aos olhos dos que tentam moralizar as coisas.

O assunto deve despertar especial interesse nos turistas que pretendem passar o Réveillon em Copacabana, o maior, o mais grandioso, o mais espetacular programa de índio do planeta. Sim, uma balbúrdia infernal com 2 milhões de pessoas bêbadas, legiões de assaltantes à espreita e barulho e sujeira para ninguém botar defeito.

Além de todo esse caos, uma armadilha se esconde em boa parte dos restaurantes da lendária Avenida Atlântica. Está nas mesas dispostas no calçadão, porém não é notada pelo incauto freguês, que nunca tem a iniciativa de levantar a toalha e olhar o estado miserável em que se encontram. Se o cliente passasse por ali de manhã bem cedo, antes de as toalhas serem colocadas, pediria a conta sem nem mesmo sentar.

Foto: Marcelo Migliaccio


Algumas mesas parecem ser da época da santa ceia. E pensar que, na última noite do ano, comer uma gororoba sobre um desses poleiros de pombo chega a custar R$ 500,00 por pessoa...

Foto: Marcelo Migliaccio


Justiça seja feita: há estabelecimentos, geralmente os mais novos, que ainda têm mesas apresentáveis.

Foto: Marcelo Migliaccio


Mas a regra é a seguinte: quanto mais antigo o restaurante, pior o estado das mesas.

Foto: Marcelo Migliaccio


Quando está tudo arrumadinho, é difícil suspeitar que debaixo dessas lindas toalhas haverá mais fungos e bactérias do que grãos de areia na praia.

Foto: Marcelo Migliaccio


O Rio tem uma lei que obriga os restaurantes a abrirem suas cozinhas ao cliente para uma rápida inspeção na higiene. Pois deveriam também obrigar os gerentes a levantarem as toalhas das mesas para que víssemos o estado em que se encontram. É de causar indigestão.

Foto: Marcelo Migliaccio






* Prepare-se para ler sobre isso em algum jornal carioca nos próximos dias...

Comentários

  1. Prezado Marcelo. Programa de índio certamente não é um termo adequado, afinal eles não teriam tanto mal gosto assim. Mas você fala isso porque nunca deve ter passado o carnaval em Salvador. Pelo menos o Réveillon do Rio é gratuito. Em Salvador, além do carnaval ser embalado por um fundo musical sofrível, se paga uma fortune pelo pedaço de pano mais feio e caro do Mundo.

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    1. Bem lembrado, se bem que os sambas enredo de hoje estão ruins como a axé music...

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  2. Além das mesas que deveriam ir para o lixo, temos outra surpresa para os turistas: O valor do trem do Corcovado vai para R$ 62,00 e ninguém explica para onde vai toda grana que é arrecadada.
    Já fui no Cristo a pé (caminhada com os amigos), de bicicleta, de moto, de carro, e hoje bloquearam todos os acessos, ou seja ou paga ou não visita !!

    Cury

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  3. "É debaixo dos pano
    Que a gente
    Entra pelo cano
    Sem ninguém ver..."

    Cantava Ney Matogrosso na década de 80.

    De lá pra cá, melhor, desde muito tempo "a gente vai tocando, a gente vai tomando, a gente vai dourando essa pílula..."

    Devia acrescentar o marcador : utilidade pública

    Muito bom!



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  4. Ouvi de um carioca da gema, a confissão de que o Rio é um esculacho, além de caríssimo. Pelo menos estas fotos não deixam dúvida alguma.Lamentável .A sorte é que tem uma natureza exuberante.
    Marcos Lúcio

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  5. Calma gente. Tudo é uma questão de referencial. Quem é carioca e passa a viver em outra cidade é capaz de sentir saudade até do Réveillon de Copacabana. ..

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  6. O Rio de Janeiro é como o Bairro da Urca. A melhor coisa dos dois é a vista. Yves

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