Fósseis e fossas

Big Jato, novo filme de Claudio Assis, conta parte da história do jornalista Xico Sá, entre a infância e a adolescência, numa pequena cidade do interior nordestino. Assis, autor do excelente Febre do Rato, desta vez se superou. Graças a ele e a outros poucos, o cinema brasileiro não se resume às comédias idiotas, aos filmes de violência apelativa ou as dramas que mais parecem comerciais de TV. Nos filmes de Claudio Assis, há verdade, silêncios, pausas...

Xico ajudava o pai a limpar fossas num velho caminhão FNM. Ao trabalho degradante, encontrava oposição no tio, DJ da pequena emissora de rádio local. Pai e tio são interpretados por Matheus Nachtergaele, que merece todos os prêmios de melhor ator pelo show à parte que dá. E como é bom ver Marcélia Cartaxo novamente exibindo seu talento fenomenal.

Xico Sá decidiu não virar fóssil, saiu pelo mundo e tornou-se um dos jornalistas mais atuantes e competentes da nossa geração. Começou a se destacar durante a ascensão e queda de Fernando Collor, quando era um dos poucos a manter um canal de comunicação com o famigerado PC Farias. Graças em muito ao tio, não aceitou o destino de tantos outros. E, talvez pelo ofício que tanto bullying lhe causou na escola, tem hoje um dos olhares mais aguçados sobre a cagada que fizeram com a democracia brasileira.


Comentários

  1. A imprensa deveria sentir dever moral em divulgar esse filme, uma vez que Xico Sá foi um grande jornalista, mas prefere divulgar o filme sobre José Aldo (nada contra, mas não assistirei).
    Cury

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  2. REALMENTE UM FILME ÚNICO, ARTÍSTICO....e inesquecível. Só as atuações avassaladoras do Mateus e da Marcélia já valem a ida ao cinema. O único problema do cinema brasileiro, quase sempre , é o som...sinceramente, eu sempre perco algumas falas. Deveriam, todos, ser legendados, não só os que contém regionalismos, gírias, etc.

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