Um point de quatro séculos
Não parece, mas taí um lugar que bomba há 400 anos.
Se for conhecer, vá numa manhã domingo, de preferência chuvosa, como esta. É aí que ela fica vazia. Não reconheceu? É a lendária Praça Tiradentes, no centro do Rio, onde foi enforcado Joaquim José da Silva Xavier, o mártir da Independência do Brasil, segundo os livros de História. Vítima de um traíra, ele foi condenado à morte ali, não sem antes ter direito a assistir a uma missa numa igreja que está até hoje ali na praça. Que baixo astral deve ter sido aquele dia... uma execução pública deve ser algo que estraga o dia de todo mundo, não só do morto. Por pior que ele tenha sido em vida, matar e ver morrer não é algo que dê prazer a pessoas normais, sãs.
Por falar em Independência, ali está o primeiro monumento erguido no Brasil, em homenagem a Dom Pedro I. Na festa de inauguração, estava presente o filho do homenageado.
Olha a pinta do playboy...
Depois vieram mais igrejas, os teatros Carlos Gomes e João Caetano, os bordéis, os inferninhos, a política, as cabeças-de-porco, enfim... aqui o passado contempla o presente.
Tem gente usando crack...
Mas também tem igreja presbiteriana...
A velha catedral dos católicos chegou bem depois. ali perto do point que é o mesmo há séculos. Cada um com seu domingo...
Dizem que imagens valem mais que palavras.
ResponderExcluirAs fotos me atraíram, e acabei lendo os comentários.
Sergio.
As fotos estão "comme d'habitude" muito lindas. Uma pena o mal estado de conservação destas esculturas...o tal desleixo carioca, dizem.
ResponderExcluiresbe
Não sou historiador nem pretendo polemizar. Sou apenas um curioso banal que gosta de compartilhar o cadinho que sabe, citando fontes "confiáveis", claro. Á informção está incorreta, segundo o prestigiado Professor Milton, que é historiador, arquiteto e crítico de arte e referência no segmento de guias de turismo, com um vasto conhecimento em educação em museus, ministrando mais de 40 cursos de história e turismo, além de apaixonado pelo Rio de Janeiro e autor vários livros publicados
Não foi exatamente na Praça Tiradentes, como muitos pensam, que Tiradentes morreu. Tendo nas mãos um mapa da Biblioteca Nacional, datado de 1785-1760, o historiador Milton Teixeira mostra o local exato da execução. Marcado pela palavra “forca”, este ficaria a algumas centenas de metros da atual Praça Tiradentes, mais precisamente no que hoje é a esquina da Avenida Passos com Rua Buenos Aires. Forçado pelas circunstâncias — todos os seus colegas o apontaram como líder do movimento — acabou assumindo o envolvimento. [...] Em sua sentença, a rainha Maria I foi taxativa: dos dez envolvidos, nove seriam presos e um seria condenado à morte. “Claro que sobrou para Tiradentes, que, além de ser o mais pobre entre os dez, ainda era dentista, profissão que parece nunca ter sido vista com bons olhos pelos portugueses”, brinca Milton. [...]
“Tiradentes nunca teve barba, bigode e cabelão, como costuma ser retratado em quadros e, no momento da execução, estava careca. Mas como a República chegou ao Brasil com um caráter agnóstico, o principal objetivo foi substituir a imagem dos santos pela das figuras pátrias. A de Tiradentes era a que mais se parecia com a de Cristo, porque, enquanto este veio para nos salvar, aquele teria vindo para nos libertar”, diz Milton, lembrando que, depois da execução, o corpo foi esquartejado na Casa do Trem (atual Museu Histórico Nacional) e cada pedaço enviado para lugares onde ele tivesse pregado suas idéias libertárias. Supondo ter contribuído, deixo um abraço.
Marcos Lúcio
Adorei! Mas tem uma coisa: num passado nem tão distante, as multidões adoravam ver gente sendo enforcada, decaptada ou queimada na fogueira. E pense que o Coliseu foi o grande teatro Municipal de Roma. É, meu caro, o ser humano é capaz de coisas impressionantes... sou capaz de jurar que teve quem se divertisse com a morte pública de Tiradentes.
ResponderExcluirConcordo absolutamente com a Fernanda. Não fiz esta referência para não estender demais os meus sempre caudalosos rsrs textos. E acrescento: a sede de sangue é igual, no passado, no presente (as estúpidas audiências dos BBB's da vidinha boba e os programas violentos evidenciam esta obviedade deplorável) e, quiçá, no futuro. A tecnologia ampliou possibilidades infinitas, mas as alminhas continuam mesquinhas e medíocres, quase sempre. Os clássicos da literatura não me deixam mentir. O "serumano" é quase sempre um desacerto. Costumo dizer que se Cristo tivesse surgido nestes tempos neoliberais estúpidos...não seria crucificado...seria triturado em máquina de moer carne rsrs, no mínimo.
ResponderExcluirAbraço
Marcos Lúcio
É, cheguei à conclusão que os loucos e perversos são maioria, porque senão o mundo nãp estaria desse jeito. Eles estão no poder...
ExcluirAlém de Machado de Assis, que começou a carreira pelos arredores, na oficina de Paula Brito.
ResponderExcluirO nível de abandono fez do local um point da melancolia, mesmo com o Real Gabinete de Leitura, perto dali, bombando de turistas.
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