Um jardim e a infância
Alguém acreditaria se eu dissesse que todos nós tivemos nossa primeira aula na mesma escola?
Claro que ninguém levaria fé, pois há milhares, milhões de creches e jardins de infância espalhados pelo planeta. Eu, por exemplo, pulei o jardim e o maternal, que era a creche da época. Já entrei no pré-primário, que também não existe mais. Dali, fui para a primeira série, segunda, terceira... e cá estou...
Então explico o papo inicial: acontece que não tivemos nosso primeiro contato com o mundo acadêmico numa sala, mas sim numa pracinha. Ainda hoje, é num lugar desses, com bancos, jardins e brinquedos que as crianças recebem sua primeira aula na vida. Uma aula tão completa e avassaladora que nem precisa de professor.
Na praça, ao ar livre pela primeira vez desde que foi da maternidade para o aconchego do lar, a criança toma contato com o mundo.
E a primeira aula de nossas vidas não é de beabá ou de dois mais dois. É uma senhora aula de... geometria, com desdobramentos para muitas outras ciências divertidíssimas.
No escorrega, somos apresentados ao triângulo-retângulo de Pitágoras e ao plano inclinado da física. Sem nos machucarmos, experimentamos a Lei da Gravidade e descemos mansamente até o chão.
No trepa-trepa, retas paralelas e perpendiculares aparecem pela primeira vez. Ao subir e entrar por dentro dele, somos apresentados a noções de área e perímetro.
E o que é melhor: sem nos darmos conta, brincando. Vivendo e aprendendo.
A eterna gangorra é um clássico dos parquinhos. Além do ângulo de 60 graus (ou 45?), é ali que valores físicos como massa e altura ditam as regras. Se sentamos no brinquedo com um garoto gorducho, vamos ficar de castigo. Não é a Lei de Newton, é a Lei da Gangorra. E não há métáfora melhor da vida: ora em cima, ora embaixo.
Até inconfundível a parábola está lá. Nunca gostei desse brinquedo... e odeio trigonometria.
E eis que surge o campeão de popularidade, o balanço! Movimento pendular, hipnotizante, vento no rosto e... quem nunca voou pelos ares e se estabacou no chão de tanto impulso que deu no banquinho suspenso? É assim que conhecemos a força inercial. O balanço fica e a criança vai. Novo encontro com a lei da gravidade e pronto, eis a pior maneira de sair pela tangente. Aprendemos assim que na vida é preciso ter cuidado.
Na praça não há lugar só para as ciências exatas. Nela, observamos formigas, passarinhos, borboletas e mosquitos da dengue na nossa primeira lição de biologia. Nada de livros, tudo ao vivo!
E, por fim, ao brincar com as outras crianças, conhecer mães e babás que não as nossas, somos introduzidos naquela que será talvez a matéria mais difícil de todas, a sociologia. Ali, ainda pequenos, começamos a conhecer e a tentar entender o ser humano.
Claro que ninguém levaria fé, pois há milhares, milhões de creches e jardins de infância espalhados pelo planeta. Eu, por exemplo, pulei o jardim e o maternal, que era a creche da época. Já entrei no pré-primário, que também não existe mais. Dali, fui para a primeira série, segunda, terceira... e cá estou...
Então explico o papo inicial: acontece que não tivemos nosso primeiro contato com o mundo acadêmico numa sala, mas sim numa pracinha. Ainda hoje, é num lugar desses, com bancos, jardins e brinquedos que as crianças recebem sua primeira aula na vida. Uma aula tão completa e avassaladora que nem precisa de professor.
Na praça, ao ar livre pela primeira vez desde que foi da maternidade para o aconchego do lar, a criança toma contato com o mundo.
E a primeira aula de nossas vidas não é de beabá ou de dois mais dois. É uma senhora aula de... geometria, com desdobramentos para muitas outras ciências divertidíssimas.
No escorrega, somos apresentados ao triângulo-retângulo de Pitágoras e ao plano inclinado da física. Sem nos machucarmos, experimentamos a Lei da Gravidade e descemos mansamente até o chão.
No trepa-trepa, retas paralelas e perpendiculares aparecem pela primeira vez. Ao subir e entrar por dentro dele, somos apresentados a noções de área e perímetro.
E o que é melhor: sem nos darmos conta, brincando. Vivendo e aprendendo.
A eterna gangorra é um clássico dos parquinhos. Além do ângulo de 60 graus (ou 45?), é ali que valores físicos como massa e altura ditam as regras. Se sentamos no brinquedo com um garoto gorducho, vamos ficar de castigo. Não é a Lei de Newton, é a Lei da Gangorra. E não há métáfora melhor da vida: ora em cima, ora embaixo.
Até inconfundível a parábola está lá. Nunca gostei desse brinquedo... e odeio trigonometria.
E eis que surge o campeão de popularidade, o balanço! Movimento pendular, hipnotizante, vento no rosto e... quem nunca voou pelos ares e se estabacou no chão de tanto impulso que deu no banquinho suspenso? É assim que conhecemos a força inercial. O balanço fica e a criança vai. Novo encontro com a lei da gravidade e pronto, eis a pior maneira de sair pela tangente. Aprendemos assim que na vida é preciso ter cuidado.
Na praça não há lugar só para as ciências exatas. Nela, observamos formigas, passarinhos, borboletas e mosquitos da dengue na nossa primeira lição de biologia. Nada de livros, tudo ao vivo!
E, por fim, ao brincar com as outras crianças, conhecer mães e babás que não as nossas, somos introduzidos naquela que será talvez a matéria mais difícil de todas, a sociologia. Ali, ainda pequenos, começamos a conhecer e a tentar entender o ser humano.
Marcelo... só você, mais ninguém, escreveria um post como este.
ResponderExcluirPois é Marcelo, que saudade gostosa, na minha escola eram de madeira, mas o prazer era o mesmo. Belo texto amigo!
ResponderExcluirforte abraço
C@urosa
Marcelo,taí os meus prediletos,gangorra e balanço.
ResponderExcluirE quanto a me esborrachar no chão,perdí a conta.
Abs.
Monica.