Sócrates



Início de 1982. O repórter foi impiedoso e mandou na lata:

_ Sócrates, a seleção tem você, Toninho Cerezo, Falcão e Zico para apenas três vagas no meio de campo. Que trio o Telê deve escalar?

O objetivo do jornalista era colocar o jogador numa saia justa com os companheiros mas, verdadeiramente modesto e despojado como sempre, o doutor-craque-de-bola respondeu sem pestanejar:

_ Jogam Cerezo, Falcão e Zico. Sai Sócrates.

Noventa e cinco por cento dos jogadores de futebol profissionais responderiam que o técnico é quem iria decidir, que a seleção estava bem servida, aqueles chavões. Outros 5%, mais marrentos, fariam auto-promoção e se escalariam.

Mas Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira não era um jogador como os outros. Formou-se em medicina, era politizado, culto, simples, sincero, calmo. Dentro do campo, usava o calcanhar como ninguém. O calcanhar de aquiles deveria, aliás, ser rebatizado de calcanhar de Sócrates.

Arrebentou na Copa de 82 (Telê achou lugares para os quatro no time titular).


E também jogou bem na de 86, quando mostrou sua personalidade ao perceber que os mexicanos haviam colocado o Hino à Bandeira em vez do Hino Nacional antes da primeira partida do Brasil. Enquanto os outros jogadores ficaram com cara de tacho, o capitão saiu da tradicional perfilação balançando negativamente a cabeça.

Era muito alto e tinha os pés pequenos, o que, para qualquer um, seria um empecilho à prática do futebol. Não para ele. É verdade que foi mal na Fiorentina, mas outros craques como Didi, Renato Gaúcho e Edmundo também passaram maus momentos no futebol europeu. Acontece.

Valeu, Sócrates!


Comentários

  1. Oi Marcelo,hoje cedinho quando liguei a TV dei de cara com essa notícia.
    Confesso que na década de 80 eu não ligava muito para futebol,mas me lembro perfeitamente do famoso calcanhar do Sócrates... Valeu!

    Monica.

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  2. É verdade, Victor, aquele time foi mal pacas. Abraço

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