O dia em que o mundo pára

Nunca fui muito chegado a Natal. Quando criança, claro, gostava do presente mas logo percebi que nem todos ao meu redor tinham a mesma sorte. Vi que a data religiosa havia sido transformada em pretexto para o consumismo. Hoje, minha única satisfação nesta época do ano é poder pedalar pela cidade quase deserta na manhã do dia 25 de dezembro. Tudo fechado, ou quase tudo. As bocas-de-fumo e as drogarias não param nem no feriado mundial do nascimento de Jesus Cristo. Têm seu público cativo...

Foto: Marcelo Migliaccio

Nem a Igreja Universal escancarou suas portas nesta manhã. Com certeza, os fiéis abençoados pela fogueira santa da prosperidade ainda estão em suas casas, abrindo os presentes.

Foto: Marcelo Migliaccio

E, por falar em presente, esse aí parece que não gostou muito do que ganhou.

Foto: Marcelo Migliaccio

É tão cedo que nem o dia decidiu se será claro ou nublado.

Foto: Marcelo Migliaccio

Com as ruas vazias, sobrou apenas o lixo ocidental. Mas, os garis não apareceram ainda.

Foto: Marcelo Migliaccio

Invisíveis o ano todo, os sem teto hoje não têm quem os ignore ao passar.

Foto: Marcelo Migliaccio

Os pombos comem o que restou da ceia de restos que as "pessoas de bem" deram aos mendigos.


Foto: Marcelo Migliaccio

É tanta desigualdade que tem Papai Noel a ponto de fazer uma besteira.

Foto: Marcelo Migliaccio

Ao lado do lendário letreiro do cinema Roxy, que está ali a inacreditáveis 70 natais, a performance de Fred Mercury não tem público.

Foto: Marcelo Migliaccio

Também está deserto o parque da minha infância. Só eu ali a correr em pensamento e memória.


Foto: Marcelo Migliaccio

Tom Jobim e a vendedora de sorvetes caminham sem porquê.

Foto: Marcelo Migliaccio
Foto: Marcelo Migliaccio

A maior celebridade da Avenida Atlântica, não precisa posar para fotos com turistas.


Foto: Marcelo Migliaccio

O silêncio convida a apreciar o inacabado Museu da Imagem e do Som. Secaram as verbas públicas e a obra privada parou. E, quando o museu da Quinta pegou fogo, disseram que o mercado é que sabe gerir...

Foto: Marcelo Migliaccio

O bom é que dá tempo de ver com calma os belos casarões antigos da Rua São Clemente, como este, em que morou Ruy Barbosa.

Foto: Marcelo Migliaccio

O silêncio da manhã de 25 de dezembro é ensurdecedor. É possível ouvir passarinhos na esquina que durante o ano todo é a mais barulhenta de Copacabana. Só um lugar está como em todos os outros dias do ano. E nos lembrando de que a vida é para ser vivida intensamente.

Foto: Marcelo Migliaccio







Comentários

  1. Muito bom os passeios que o Marcelo faz e compartilha conosco.

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  2. É apesar de tudo você ainda consegue desejar feliz Natal...

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  3. Nossa Sra de Copacabana veio da Bolívia cuidar de nós. Esperemos que traga pão & cia, já que infelizmente perdemos a Santa Fé, que tantos pés manteve aquecidos por mais de 70 anos. As grandes telas das tardes tiveram suas salas minimizadas, mas o Peter Pan continua mantendo a alegria das crianças, nem precisam de presentes. Ao nascer do sol, Tom e Drummond vivem seus momentos de calmaria. Já o MIS pede Help, assim como a casa de Ruy requer retoques. E, no fim da jornada, quem vela por todos é S.João Batista. Afinal, um muro sempre me separou daquele terreno lotado. Mas cheio de flores...

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