Elton John quebrou meu coração

Em plena quarta-feira, me despenquei da Urca para o HSBC Arena, que fica onde Judas perdeu as meias, porque as botas ele perdeu um pouco antes.

Mas valeria a pena. Ver ao vivo Elton John, um virtuoso do pop e do piano, depois de tantos anos ouvindo suas músicas no rádio, na vitrola, no walkman e no CD player.

 Foto: Marcelo MigliaccioFoi dele o primeiro disco que comprei que não era uma trilha sonora de novela. O ano era 1974 e saí da Sears com Goodbye Yelow Brick Road debaixo do braço.

Agora me enturmo, pensei, ansioso por contar aos colegas do Instituto Souza Leão. Ledo engano. O primeiro skatista cabeludo para quem contei sobre minha nova aquisição desdenhou:

_ Já viu o novo disco do Elton John? _ perguntei entusiasmado.

_ Vi não, só tô ouvindo Alice Cooper _ respondeu o moleque de cabelo parafinado.

Mané. Elton tá aí até hoje e o Alice...

Nas duas horas e meia de engarrafamento até o Recreio dos Bandeirantes, ou sei lá que bairro é, eu só pensava que iria ouvir, ao vivo, pela primeira vez, Don't Go Breaking my Heart, um dos hits da minha vida. Na entrada, mais engarrafamento. Gente irritada e buzinando nas suas caminhonetes gigantes.

Mas resisti bravamente, afinal, eu iria ouvir, finalmente ao vivo, Don't Go Breaking my Heart. Otimismo sempre cai bem.

O ingresso foi uma pechincha, mais ou menos o que eu pagaria pra ver Fluminense e Bonsucesso no "novo" Maracanã.

Jóia, o lugar era pertinho do palco... otimismo é tudo.

Foto: Marcelo Migliaccio

Ir a shows desses dinossauros faz bem ao ego. Com tanto tiozinho em volta, me senti o cinquentenário mascote da parada.

E, pouco depois das 22h, surgiu o baixinho famoso. Cabelos yelow como sempre, a mesma voz, mas a aparência... quanta diferença. O rosto parece o do Nelson Mota e o corpo e o andar, os do Jô Soares. O velho terno de lantejoulas também compareceu, assim como suas músicas eternas. Uma lágrima furtiva me escorreu pela face em Skyline Pigeon e logo outra a perseguiu na estrada dos tijolos amarelos.


Foto: Marcelo Migliaccio
Música vai, música vem, e nada de Don't Go Breaking my Heart. Já incrédulo, decidi fazer uma promessa incumprível: se ele tocar eu até pago o mico de dançar.

Em, vez de jogar rosas vermelhas para o público como Roberto Carlos, Elton pára tudo para dar autógrafos no meio da apresentação.

Foto: Marcelo Migliaccio

O show acabou, e eu com cara de tacho. Resta o bis, ele deixou para o final, pensei. Jô Mota voltou com a banda, sacudiu com Crocodile Rock para derrubar perucas e... e....

Foi embora.

Foram muitas emoções, bicho, valeu a pena todo o perrenque para chegar em casa às 2 da manhã, mas cheguei de coração partido.

Elton John quebrou meu coração.



Quer ouvir o clássico de 1976 que não entrou no show? Clique aqui





Comentários

  1. Entendo o que voce sentiu. Foi mais ou menos assim comigo quando tive a oportunidade unica de ver B. B. King ao vivo e a cores. Algo inesquecivel!!

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  2. Que Inveja, pois gostaria de ter ido mais infelizmente não deu para ir ver o cantor de Nikita, uma das mais bonitas dele.
    Cury

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    1. Também gosto de Nikita, mas essa eu sabia que ele não cantaria. Só deve cantar em Moscou...

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  3. Bom dia, Marcelão! Estou precisando de uma orientação sua e um apoio se possível. Aqui é o Felipe do ES. Aconteceu o seguinte caso, uma servidora pública encontrou no banheiro da secretaria municipal de meio ambiente e encontrou um celular, depois de se verificar foi constatado que o celular era do próprio secretario. Tinha várias filmagens das funcionárias que você já pode imaginar. Elas chamaram a polícia e etc e foi tudo registrado. Porém este secretario é protegido do vice-prefeito e já estão querendo inverter a situação, dizendo que ele está sendo caluniado e foi tudo uma armação. Como aqui a cidade é pequena, não temos muito apoio. Já começou a perseguição com as funcionárias envolvidas. Tem como você ajudar, divulgando, ou algum conhecido para apoiar, este caso chegar na mídia, acredito que só assim alguma atitude acontecerá. Sendo possível, nos ajude, por favor!

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  4. Felipe,pede para elas procurarem a radio BandNews ou a TV Band, eles dão uma atenção especial para esses casos.
    Boa sorte,
    Cury

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  5. Menor apreendido em Copacabana tem internação provisória decretada
    Apreendido após assaltar turistas no bairro, jovem que foi acorrentado no Flamengo, aguarda decisão da Justiça,,,,,,

    KKKKKK.....vai Cury......Vai Marcelo.............e quem mais defendeu bandido a acusou a jornalista!!!!!!

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  6. Um bandido me oprime e ao me assaltar. Ele me trata como seu escravo. Ele usurpa o meu trabalho,me violenta e me condena a sua servidão. Se eu trabalhei para conquistar um bem qualquer e, se este bem é usurpado, é justo considerar que essa pessoa se apoderou do meu trabalho, portanto ela me escravizou..........
    Serei o seu escravo para sempre??????

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  7. Caro anônimo, o problema social é muito complexo para ser resolvido por uma jornalistazinha ou por você !!
    Pare de ler a Veja e o Globo, isso está lhe deixando alienado !!

    Cury

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  8. Pergunta que nao sai da cabeca: O cara fica no anonimato porque tem vergonha do que escreve?
    Tem gente que le, le, le novamente uma noticia e nao consegue assimilar... Vou tentar explicar (melhor: vou explicar. Vamos ver se voce entende...):
    (A)
    1 - Um bando de "justiceiros" pega um menor infrator.
    2 - Tira a roupa dele, bate, prende num poste.
    (B)
    1 - A policia prende um menor infrator.
    2 - Leva para a delegacia e ele tm a internacao provisoria decretada.

    Sera que voce consegue entender a diferenca entre (A) e (B) ou vou ter que usar o powerpoint??

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  9. O piano sempre foi meu instrumento preferido. Na aula de música, aos cinco, seis anos, eu queria que o tempo congelasse ali, só para ficar ouvindo a professora tocar Noturno de Chopin. Ainda hoje fecho os olhos e me transporto pra lá.

    Com Skyline Pigeon o desejo era o mesmo, que nunca mais parasse de tocar. Ela tinha o poder de me paralisar e “me deixar voar por terras distantes.” Na tv ou no rádio, era ela tocar para eu brincar de estátua.

    No meu mundo de criança em nada me importava que a letra fosse o apelo de alguém sufocado pelo casamento e suplicando por liberdade. Ainda hoje não me importo, assim como a maioria dos casais que dançam de rostinho colado. O que interessa é a música como transporte do sentimento.

    Ouvir aqueles acordes, abraçada a pessoa que amo, foi o ponto alto da noite.

    Achei que a melhor parte da apresentação foi quando só EJ e o piano dividiam a cena. Silêncio na arena na sequência entre “the one” e “someone saved my life tonight”, quebrado só pelos aplausos efusivos ao fim de cada canção.

    Ao final de cada série o talentoso e surpreendentemente simpático astro caminhava de um lado a outro do palco e agradecia ao público que aproveitava para caprichar na foto ou arriscar um autógrafo.

    Achei EJ mais acessível que algumas das sumidades nacionais da música. Outro dia, esperando um super fá de uma delas, que portava uma pulseira “vip” e aguardava abertura do acesso para o camarim, vi quando foi abordado por outro fã “despulseirado”, que lhe perguntou:

    - Querido, desculpe, mas como conseguiu essa pulseira?

    Ao que ele respondeu:

    - contatos, contatos...

    Rapidamente a despulserada propôs:

    - arruma uma pra mim, que eu atendo qualquer pedido seu. Eu trago a pessoa amada em 3 dias!

    Para conseguir um autógrafo com o astro pop internacional bastava papel, caneta e flexionar o braço. Nada de bater cabeça...

    Elton John botou tios, tias e sobrinhos para sacudir o esqueleto no melhor estilo Jerry Lee Lewis com seu Crocodile Rock.

    Faltou incendiar o piano? Não precisou. Depois de 2h e 40 minutos, sem intervalos, o homem do foguete fez o público viajar no tempo.

    “Sad songs, they say so much”

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  10. Se passar mais de cinco dias sem comer feijoada começo a ter síndrome de abstinência.

    Igual a mim. Kkkkk

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