O circo chegou!



Foto: Marcelo Migliaccio



Sempre adorei circo. Quando era criança, ia a todos que aportavam na Praça Onze, onde hoje é o Terreirão do Samba. Ali, vi Orlando Orfei, Bartholo, Garcia, Tihany e tantos outros menos famosos, graças ao meu pai, que também gosta muito.

Anos mais tarde, entrevistando Orlando Orfei para o Jornal do Brasil, fiquei pasmo com a grandeza do seu circo, apesar de já estar um tanto decadente na época. Os números com animais haviam sido proibidos, o que se por um lado acabou com aquela crueldade toda, fez com que o espetáculo circense perdesse muito da sua força.

Foi melhor assim. Animais não têm noção de que estão participando de um show e divertindo as pessoas. Para eles, aquilo é uma tortura que violenta sua natureza. Certa vez vi um adestrador espetar tanto os testículos de um elefante durante o número que o animal defecou no picadeiro de tão nervoso.

Orlando Orfei, porém, velho domador de leões, não se conformava com a proibição. Sentado no meio do picadeiro, corpo arqueado pelo peso dos anos, ele me fez uma revelação:

_ É melhor levar uma mordida de um leão do que experimentar suas garras. Não queira ser arranhado por um deles, rasga mesmo.

Há alguns dias fui ao Circo Tihany, montado na Barra da Tijuca. Mesmo sem os grandes felinos, os elefantes e os chimpanzés, é um espetáculo que vale a pena. As lacunas deixadas pelos bichos foram preenchidas por musicais, o que, às vezes, dá a impressão que estamos num teatro de revista.

Mas é o homem superando seus limites e o medo em nome do entretenimento. É difrerente de uma competição de atletismo, por exemplo. O objetivo não é vencer o outro, mas divertir a platéia. E a construção, a idealização de um número circense sempre me fascinou. Os acrobatas do Tihany podem não ser tão brilhantes como os que vi no circo da China, mas dão conta do recado.


Divulgação


A estrutura do Tihany imperessiona, basta olhar o tamanho dos caminhões e traillers dessa verdadeira cidade itinerante estacionados ao redor da grande lona. Os olhos das crianças brilham, e os dos adultos também, embora o carioca não goste muito de aplaudir, reparei. O artista ali, arriscando a vida sem rede de proteção, e tem gente que nem bate palma... acho que o povo daqui pensa assim: já tô pagando, ainda tem que aplaudir?

Foto: Marcelo Migliaccio

O mágico é ótimo, faz pessoas desaparecerem na nossa cara. O palhaço também cumpre muito bem o seu papel, mas o show mesmo é dos acrobatas e contorcionistas.

Divulgação

Uma tarde no circo é, e sempre será, um programão.

Comentários

  1. Também a d o r o ir ao circo, quando pequeno meu pai me levava com meus irmãos, hoje sou eu que levo meu filho. O Orlando Orfei era insuperável.
    Tanto o circo quanto o Tívoli parque,do mesmo italiano-carioca,divertiu gerações durante anos..

    A uns dois meses atrás, fui ao Unicirco do Marcos Frota, e comentei com meu filho que havia levado sua prima Carol em um circo do Frota (Pakalolo) no Aterro do Flamengo a mais de 20 anos atrás.

    Cury

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  2. Respeitável público, realmente o circo chegou. Depois de tanto dizer que a rede não era um partido e de tanto tentar registra-la como tal, Marina Silva se filia ao PSB de Jorge Bornhausen, joga a rede para escanteio e aceita ser vice de Eduardo Campos. É muita palhaçada...

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  3. Bom Dia, Marcelo!

    Quando li o título de sua crônica pensei que se trataria da filiação da "impoluta Marina" (adorei o adjetivo!) ao PSB.

    Ela terá que fazer contorcionismos retóricos para se explicar! Que venham os palhaços para o picadeiro!

    Abraços fraternos,

    Wanda Rodrigues

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  4. Lamento que o Cirque du Soleil tenha os ingressos mais caros do Brasil, inviabilizando a entrada de filhos de pobre Parece mais um show que um circo..
    Eu até ouso dizer que esse sofisticado circo é mais para adulto que para criança

    Cury

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  5. Assim como você, tenho paixão - desde a infância- , pelo universo circense...e olha que estou falando, inclusive, de circos até mambembes do interior. Seu post remeteu-me imediatamento a um gênio do cinema, Federico Fellini, igualmente apaixonado pelo tema e que disse, dentre outras pérolas:

    "O cinema é uma velha prostituta, como o circo de variedade, que sabe dar muitos tipos de prazer".

    Ele provou isti explicitamente, com "Os Palhaços".É um acerto de contas com sua paixão pelo circo e pelos palhaços em particular.
    Já no início, aliás, não ficam dúvidas a esse respeito. Existe ali um menino e sua primeira experiência no circo. Experiência clandestina, já que deve escapar de casa para chegar perto do objeto de sua fascinação.
    É o ponto alto do filme: longe de ser um circo real, o que Fellini nos dá a ver é uma fabulosa fantasia. Um circo sonhado, como se o menino não tivesse saído de seu quarto. Fellini sabia filmar sonhos como ninguém. Aqui filma o seu próprio sonho infantil.

    Com "Os Palhaços" estamos de certa forma no coração de Fellini e de seu cinema.

    Não é por acaso que ele faz uma aparição como documentarista, dando a entender que o fascínio, em vez de se extinguir com a idade, apenas se profissionalizou.

    Lá estão as máscaras, as maquiagens excessivas, as roupas extravagantes, que deformam os corpos. Lá está a matéria-prima de parte do cinema felliniano.

    O palhaço é ele mesmo e um outro. Como todos nós, talvez. Essa duplicidade provvelmente seja o motivo do fascínio que desperta em certas crianças e do horror que inspira a outras. Fellini parece ter carregado vida afora tanto o fascínio como o horror dessa fantasia infantil. Sobretudo a idéia de fantasia ou surrealismo, muito presente em sua obra.
    Marcos Lúcio

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  6. Assessora de umprensa Tihany n

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