De repente, 60

 Passou rápido porque a vida se resume ao momento presente. Seis décadas e a única coisa que eu tenho é estar sentado aqui escrevendo no blog depois de quase nove meses de seca. Assunto eu tinha mas nada tão interessante como ter completado 60 anos de vida.

Dizem que quando estamos à beira da morte, nossa vida toda passa diante de nós como um filme relâmpago. Não é a minha situação, a menos que o bujão de gás do vizinho esteja para explodir. Mas tenho esses 60 vivos na memória. Desde as galochas do seu Ademar, o faxineiro do prédio em que morei dos 2 aos 8 anos, até a... o... que foi mesmo que eu almocei ontem?

Bom, lembro de muita coisa mas contar minhas alegrias e tristezas aqui seria um tédio pra você. Pra mim, não. Acho que fui muito boa pessoa em outra encarnação porque considero ter muita sorte nessa vida. Até os momentos ruins foram condescendentes comigo. Claro que alguma inteligência foi necessária para digerir e metabolizar determinadas passagens. Mas as circunstâncias do acaso sempre me ajudaram.

Dos limões, sempre fiz limonada e a minha sorte é que gosto de limonada sem açúcar. Os amigos de infância e adolescência, que geralmente são os verdadeiros, foram ficando pelo caminho. Restam dois ou três. Por enquanto... tudo na vida tem prazo de validade, inclusive nós. Não adianta fugir da realidade porque uma hora o juiz reserva vai levantar a placa com o número da minha camisa na beira do campo e terei que dar lugar a outro. Não digo que vou sair do jogo feliz, ninguém gosta de ser substituído. Mas também não vou brigar com o Treinador. Faz parte.

Até lá, espero aproveitar meus últimos anos de vida útil sendo útil pra mim mesmo. Tratando bem aquele garotinho que olhava fixamente as galochas do seu Ademar.