Meu debut na arquibancada



Amigos, não sei se vai interessar a alguém, mas essa foto é do primeiro jogo no Maracanã a que eu assisti da arquibancada. Foi no dia inesquecível de 21 de setembro de 1975. O America carioca venceu por 3 a 0, gols de Bráulio, Cléber (contra) e Ailton, o "Negrinho do Pastoreio". E logo contra o America mineiro, meu time em Minas e que tem o uniforme mais bonito do mundo.

Graças aos Deuses do futebol, o amigo americano Marcelo Eliane Lemos achou essa foto, em que o gigante Marcão disputa a bola com o meia Renato, irmão de Amarildo, o Possesso da Copa de 1962.

Fui ao Google pesquisar sobre esse jogo perdido na minha memória e lembrei que estavam em campo o velho Fidélis pelo America do Rio e Buglê, Afonsinho e Éder Aleixo pelo homônimo mineiro. Éder brilharia na Copa da Espanha, sete anos mais tarde.


Se bem me lembro, fui com meu amigo Vitor Izecksohn, na época companheiro de jornadas esportivas, ambos no ônibus amarelinho da extinta linha 442 (Lins-Urca). E décadas depois descobri que outro amigo, Duilio Fedele, também debutou no maior estádio do mundo neste dia, numa excursão do colégio em que estudava.


Eu completara 12 anos um mês antes e um dos presentes que recebi foi a premisão de ir aos jogos menos cheios com meus colegas, sem sacrificar meu pai, que me levava nas cadeiras azuis numa prova de amor inesquecível, já que depois que eu cresci ele nunca mais foi aos estádios. O salvo-conduto, porém, só valia para partidas de pouco público, quase sempre jogos do America, time que passei a amar a partir daquela fase.

O campo visto da arquibancada era completamente diferente do que eu via das cadeiras azuis, onde não havia vibração. Lá de cima, sim, tinha-se uma visão ampla do jogo. E a miscelânea de tipos humanos me encantou. Gente de todas as classes sociais misturada naquela platéia democrática. Bem diferente de hoje, quando negros e pobres foram praticamente banidos dos estádios de futebol.

Talvez eu fosse o mais extasiado dos 7.677 pagantes daquele sábado ensolarado de céu azul sem nuvens.

Do jogo pouco me lembro. O que ficou marcado na minha memória foi a imagem do meu ídolo Orlando Lelé, com aquela camisa vermelha linda, caminhando sobre a grama verde do velho e lendário Maracanã, destruído anos depois pela quadrilha de Sergio Cabral para dar às emissoras de TV uma fria e elitista arena-estúdio.


Comentários

  1. Sobre esse "conto" eu digo:
    "Eu me lembro com saudade
    O tempo que passou
    O tempo passa tão depressa
    Mas em mim deixou..."

    Outro dia fui a missa de 7º dia da amiga Tânia, amiga de infância, lé encontrei tantos amigos e amigas que fizeram parte da minha infância e alguns/algumas eu não via a mais de 30 anos.
    Foi uma linda despedida com orações e músicas e também houve no mesmo momento um reencontro de muitos amigos/amigas.

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  2. Belas lembranças. Uma pergunta meu caro Marcelo. Certamente esse seu amigo Vitor era da família do brilhante Zoólogo Eugênio Izecksohn que foi meu professor na Universidade Rural?

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