Pescaria

 Sou um jornalista brasileiro.

Já fui criança, adolescente, jovem, virei tiozinho e um dia não estarei mais aqui. Por isso fiz questão de experimentar quase tudo que tinha no cardápio.

Bati e apanhei. Me senti pior quando bati.

Várias vezes enfrentei os piores fantasmas sem medo e em outras tantas fugi a toda velocidade.

Igreja, centro e templo? Conheci muitos mas não fiquei em nenhum.

Chifrei e fui chifrado. Quem não foi ainda será.

Já me enchi de drogas mas também comi muita fruta.

Virei noite na farra embora prefira ver o sol nascer depois de oito horas de sono.

Já fiz bulying e já sofri também. Imagine, no meio de 150 adolescentes, o filho do Xerife, do Tio Maneco, do Bobo da corte do Jô Soares ou do Neco da novela, que quando beijava a esposa ficava com o beiço inchado.

Já neguei esmola mas uma vez tirei meu casaco e dei a um mendigo que estava sem camisa no frio.

Já saí do emprego para ganhar o dobro e já mofei na fila do seguro desemprego.

Graças à minha profissão, entrei na Favela do Lixão e no Copacabana Palace.

Entrevistei presidente da República no Palácio do Planalto e estuprador numa cadeia suja da Tijuca.

Comi chiclete Ploc e Ping-Pong. Kri, Galak, Ginkana, chupei Chica-bon, Ki-dupla e Ki-trio.

Assisti Capitão Aza e Capitão Furacão. Zorro, Batman e Super Dínamo.

Fui a show de Maria Bethânia e de Wanderleia.

Pedalei muita bicicleta. Surfe nunca e futebol até dizer chega.

Fiz gol de placa e gol contra.

Já tive amigos do peito e coloquei um ponto final na amizade. Chega um dia em que não há mais nada a dizer, a contar ou a ouvir. O papo acaba e só fica o afeto.

Já escrevi muita prosa, poesia só tentei.

Oi? 

Já. E já também.

Me arrependo de muitas coisas que eu fiz. Das que eu não fiz, não tenho arrependimento nenhum.

Já pesquei cação num dia e no seguinte nem baiacu.

E vou jogar minha rede enquanto houver ponte.

Foto: Marcelo Migliaccio


Comentários

  1. O amigo escreve fácil porque já fez de tudo

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  2. Espetacular!!
    Sabe aquele sorriso de canto de boca, aquele acalanto no coração? Pois é... Foi o meu sentimento ao ler o seu texto maravilhoso. 👏👏👏👏

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  3. Viveu e isso é maravilhoso ❣️❣️❣️

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  4. Causar um sorriso em alguém é uma das melhores coisas da vida.
    E o Marcelo sabe fazer isso muito bem !!

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  5. Viver é assim mesmo, me identifico com suas palavras! 👏🏻👏🏻👏🏻  

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  6. Apesar de tudo sempre acho que tem alguma coisa que falta fazer...

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  7. Oi lhe adimiro muito pelo profissional que você e por sua simplicidade

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  8. Rabugento O Terrível

    Quanto mais velho, pior! Tudo só piora! E não sou só eu, ja percebeu o Mundo ao redor? Só piora! Tudo só piora!
    E nesse ano, não vai ter "dance, balance, badale l'abundance" de Réveillon em Copacabana. Sou Carioca, mas sou rabugento. E até comparando as cepas da pandemia e os pandemônios de tudo que só piora, é por isso que a minha filha aos 13 anos de idade (hoje ela tem 28), ficou uma "fera" comigo em certa ocasião, porque eu mandei ela trocar o vestido verde de verão que estava usando e toda "animadinha" tal qual uma perereca selerepe e me chamou de "reencarnação de Átila, o huno". Mas é claro! Depois dos 13 anos de idade, cosquinhas são preliminares. E eu falei para ela trocar o vestido, ao perceber ela toda animadinha. Ela olhou para mim e perguntou. "E vou usar o quê?". Eu falei. "Armadura!". Ela ficou uma "fera", me olhou, e me chamou de "reencarnação de Átila, o huno". E ainda tirou minha foto da rede social dela na época e colocou a foto de Átila, o huno. E escreveu. "Meu pai é reencarnação de Átila, o huno". Querendo fazer psicodrama em rede social. Mas eu não me abalo. Achei ótimo, assim já ficaram todos avisados que ela tem um pai que é "reencarnação de Átila, o huno". A mãe dela, cai na gargalhada com essas situações, até porque eu "saco logo", percebo, esse conluio feminino familiar contra "reencarnação de Átila, o huno".
    Mas enfim, apesar desses pandemônios e pandemias e das cepas devastadoras de ariadas origens político-partidárias que vêm passando pelos Poderes Executivos e Legislativos do Estado do Rio de Janeiro e Municipio do Rio de Janeiro, fazendo o pobre povo daqui sofrer com suas capacidades devastadoras, esse ano não vai ter "dance, balance, badale l'abundance" de Réveillon, especialmente em Copacabana.

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  9. Rabugento O Terrível

    Pois é. Temos que lidar com todas variedades de Pragas & Pestilências, Pandemônios & Pandemias.E eu embora seja uma pessoa comum, todos nós temos nossas experiências adquiridas e no meu caso, até me referi acima à experiência paterna de uma adolescente com 13/14 anos de idade, lá em 2005/2006. E pode me chamar de "reencarnação de Átila, o huno", que não me abalo e não ficarei ou fiquei impassível ao perceber a "animação" no estilo perereca selerepe do vestido de verão verde e que, já querendo se tornar ums jerica da periquita.
    E eu com meus instintos huno-siberianos e até mesmo para "materializar" em termos emblematicos a "reencarnação de Átila, o huno, sou bem capaz de raspar a cabeça, ficar careca, deixar o cavanhaque, bigode e barba e sombrancelhas num estilo Yul Brynner e Charles Bronson, com, a careca do Yul Brynner e o cavanhaque, bigode, barba e sombrancelhas do Charles Bronson e as roupas, figurino, no estilo dos Irmãos Karamazov, já que, tanto Yul, como Charles, eram cidadãos nascidos na Rússia antes de imigrarem e se naturalizarem cidadãos dos EUA e portanto, de ascendência eurasiana, huno-siberiana.

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  10. Rabugento O Terrível
    Me recordo que anos passados, no seu blog e de outro colega seu jornalista que vocês até trocavam e compartilhavam interessantes comentários, escrevi que a diferença entre países socialistas e paises liberais capitalistas consiste basicamente que, o Estado é dono dos meios de produção de riqueza e por isso não existe sistema tributário como no modelo liberal capitalista e até mesmo em modelos de Estados mais antgos, como monarquias absolutistas clássicas e Estados da Era Clássica Ocidental como os Estados Gregos e o Estado e Império Romano. A existência de sistema tributário ou a ausência dele, como no Estado Socialista Científico pensado por Karl Marx, pode parecer uma bobagem, mas não é, pois no Estado Socialista, o Estado e governos têm que ter uma estrutura de gestão administrativa e agilidade funcional acertiva entre os Poderes muito maior do que nos Estados Liberais Capitalistas, visto que, o Estado é o grande e variado conclomerado de produção de riquezas, já que, em todo modelo econômico, seja socialista ou liberal capitalista, os produtos, riquezas dos modos de produção têm valores e são expressos no referencial da moeda nacional de cada país. Isso é um conceito básico da economia. Assim como em países liberais capitalistas, o sistema tributário precisa ser realista em relação à realidade socio-econômica que é aplicado. Mas o fato é que, depois da II Guerra Mundial, estabelecendo um parâmetro cronológico em termos planetários, não se admite mais revoluções, golpes, tenham o nome que tiver, como antes, no início do Seculo 20 e séculos anteriores, porque o processo de globalização e áreas de influência mundial só se intensificou e mesmo a Guerra Fria, em verdade, nunca foi ou teve reais motivações político-ideológicas, mas sim, para assegurar relações e áreas de influência mundial das potências dessa época e que, até hoje, inegavelmente, continuam sendo potências.
    Mesmo a China, quando optou pelo modelo socialista, logo após a Guerra, o fez num momento propício mundial, dado o exaurimento das potências européias e mesmo os EUA com a II Guerra Mundial e além disso, possui fronteira com a Rússia e na época URSS. O mesmo, em relação à Coréia do Norte, por ter fronteira com a China e muto proxima da fronteira soviética, russa hoje. O Vietnam, também, por ter fronteira com a China e China com a URSS. Na América Latina, Cuba, acabou isolada pela distância logística e fronteiriça, mesmo, com os esforços da URSS em salvaguardar Cuba e dos EUA, mas, tanto 1 como outro, tinham seus limites de ataques e defesas nas questões cubanas e não iriam chegar ao ponto de um conflito massivo, vez que, sairia muito mais prejudicial chegar às vias de fato por Cuba. Seria investimento, sem retorno viável. E até por isso, o Chefe do Executivo dos EUA, JFK, na época da Crise dos Mísseis e da Invasão da Baía dos Porcos, se sentiu traído pela CIA, quando houve essa ação em Playa Giron e também por isso, a CIA não usou tropas oficiais dos EUA, nessa ação belica contra Cuba. pois precisaria da autorização e conhecimento de JFK, só ficou sabendo do ataque à Cuba, no curso da ação, com as primeiras trocas de tiros na Baía dos Porcos e ficou furioso e mesmo a Base dos EUA em Guantanamo, não tomou ação, embora a área neutra entre o perimetro da base e o território cubano, tenha sido reforçada e colocada em alerta as guarnições cubanas, mas sem passar do limite territorial ou marítimo estabelecido. Portanto, tenho certa ressalva com partidos políticos de países de modelo liberal capitalista, que utilizam na sigla, o termo socialista, pois me intriga saber, que tipo ou alcance e limite de socialismo eles pretendem ou, qual a noção em termos objetivos que têm ou pretendem de um socialismo num modelo liberal capitalista. E não me refiro apenas ao Brasil ou outro país do 3º Mundo, mas medmo em países mais desenvolvidos, como da Europa, fico intrigado de mesma forma em tentar entender essa noção de alcance e limite que têm de socialismo.

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  11. Rabugento O Terrível

    Não quero ser pela-saco, mas, há tempos atrás, assisti um excelente filme alemão pela tv no sistema NOW da NET-Claro. O filme se chama "Adeus Lenin". E conta a estória, já que os personagens são fictícios, mas, bem realistas e baseado em fatos históricos e situações reais da época da transição e unificação da Alemanha em 1989/1990. As adequações do povo, tanto da Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental e está classificado no NOW como Drama, mas, tem muito mais situações cômicas do que dramáticas e é um filme que julgo excelente e bem leve, simples e dinâmico nas sequências do personagem e co-adjuvantes principais. Eu penso que você bem se interessaria, pois é um filme, que sobretudo, conta com a boa vontade das pessoas físicas e jurídicas, sejam públicas e privadas, num sentido de unificação de pessoas advindas de sistemas diferentes, buscando a integração, unificação de um país de forma mais suave e planejada dentro das possibilidades e responsabilidades para a paz social sem pobreza, desemprego e miséria.

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