Cavalos dançantes
O trem no ramal de Santa Cruz, que leva às instalações olímpicas, era dos novos, claro, daqueles pra inglês andar. Mas a paisagem lá fora não deixava ninguém esquecer: estamos no Brasil.
Um Brasil olímpico, capital mundial do esporte por dois meses. E do golpe de estado e da roubalheira no resto do ano.
Dentro do centro de hipismo de Deodoro, o clima era de festa, aquela festa americanizada, vá lá, uma festa.
Cavaleiros começam a surgir na arena, com seus animais adestrados. Nas apresentações, rolam aquelas músicas que se ouve em sala de espera de consultório dentário. É ao som delas que os conjuntos começam a evoluir.
Na arquibancada, o sol de inverno carioca castigava quem se aventurou nesse esporte tão estranho por aqui.
Não sei como o calor não derreteu a maquiagem da Força Nacional...
E, por incrível que pareça, os gringos não estavam nem aí para a quentura, queriam torcer pelos seus cavaleiros.
"Bandeiras, bandeirolas, bandeirantes", diria aquele antigo narrador esportivo.
Mas a grande atração do dia era o único animal irracional com direito a participar da maior festa esportiva promovida pelo ser humano.
Todas as atenções estavam voltadas para os imponentes cavalos de raça. Com justiça, aliás. Vá ser bonito assim lá no estábulo! Mas é de se pensar em como eles aprendem aqueles passos. Dizem que vivem só para isso. Mas será que é uma violência contra eles. É bom lembrar que em muitos lugares são proibidos animais nos circos e em programas de auditório. Ontem, por exemplo, aqueles puro-sangue nem sabiam que valia medalha de ouro...
Concentração total da amazona, um olho no cavalo, outro no... tapa olho. O que será que houve com ela?
Tinha até torcedor paramentado para enaltecer os astros da festa.
Só não gostei que as medalhas fossem só para os cavaleiros. Para os belos da tarde, só feno e água fresca. Muito pouco para quem chega a valer inacreditáveis US$ 48 milhões.
Não era um público de final de Copa do Mundo, mas deu pra curtir enquanto resisti ao sol. Embora isso não signifique rigorosamente nada: Olimpíada 2016, eu fui.
Sensacional a primeira foto! Realmente, vivemos em várias realidades paralelas.
ResponderExcluirOs belos da tarde ficou mais do que pertinente, porque cavalos bem cuidados são animais fortes, elegantes e em muitas ocasiões, sinônimo de poder (não só na Olimpíada) .Cavalos são animais lindos por natureza, e não há como não admirá-los, ainda que seja apenas à distância. O Rick Reymond disse e Freud explica:
ResponderExcluir"Cavalos representam a força, a sensualidade, a rapidez e a liberdade.
Podemos nos comparar a ele e assim também à nossa própria força original hoje tão, domada, banida, reprimida.
Os cavalos são criaturas livres e selvagens. São poderosos mas sensíveis.
Temos muito em comum. Juntamente com os cavalos podemos descobrir a nossa alma atualmente tão aprisionada pelas inconveniências que a vida nos impõe diariamente".
Para os antigos gregos eram cavalos que puxavam o carro do sol . O cavalo era atributo de Apolo na sua qualidade de condutor do carro solar. Até na religião, o cavalo é usado por São Jorge, etc. Há inúmeros estudos - inclusive psicanalíticos- sobre este animal belo , companheiro e emblemático.
Impressionante a enorme quantidade de lugares vagos nas arquibancadas.
O Hipismo é realmente um belo esporte...equestre, assim como a fórmula um é uma interessante competição tecnológica. Coloque um pangaré para esses atletas popularíssimos ou um copersucar na mão do Hamilton para ver até onde eles iriam. Na verdade cavalos hoje têm muito pouca importância e até nas roças estão sendo preteridos pelas motos. Por mim eu soltava todos na mata e que sobrevivessem os mais aptos.
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