Adote um jumento
Aos solavancos, o carro faz mais uma curva nas estradas de terra de Visconde de Mauá. A imagem seguinte surpreende. Em vez dos habituais cavalos ou cachorros sem dono, um pequeno jumento branco caminha com dificuldade no canto da pista. Uma de suas pernas traseiras, torta, mostra que ele sofreu uma fratura que o incapacitou para o trabalho escravo.
A lembrança da fábula dos irmãos Grimm foi imediata. Como em Os Músicos de Bremen, aquele animal deve ter sido rejeitado por seu dono quando não prestou mais para levar no lombo o peso das mercadorias. Diferentemente da história infantil, no entanto, o pobre diabo de pelos brancos e encardidos não havia encontrado um cachorro, um gato e um galo também assombrados pela velhice para formar um conjunto musical e redescobrir a alegria de viver.
Quando reduzi a velocidade do carro para fotografar o burro (ou seria um jumento?) veio o inesperado. Em vez de se afastar como fazem os animais ameaçados ele veio em minha direção. Com o olhar mais humano que eu já vi, me pediu um afago.
Escaldado por uma vaca que me deu uma cabeçada uma vez, fiquei com medo de que aquele cavalo dado me mostrasse os dentes e levasse de roldão alguns dos dedos que agora batucam nesse teclado.
Com a consciência em pedaços, segui viagem, vendo pelo retrovisor o jumento carente na beira da estrada.
Choveu muito na noite e na madrugada que se seguiram.
E, ao passar pela estrada no dia seguinte, lá estava ele, comendo capim na encosta, bem perto da pista. Seu pelo estropiado mostrava que ele enfrentou mais aquela intempérie ao relento.
Chuva que também deixou meu coração encharcado.
Pô, Marcelo, você bem que podia ter feito um carinho no bicho, né não??? Embora as pessoas riam quando digo isso, a verdade é simples: bicho também é gente! E merece amor, respeito e amizade.
ResponderExcluirIsso é compaixão diante do sofrimento alheio.
ResponderExcluirIsso é que o diferencia da maioria dos jornalistas.
Saúde, paz e prosperidade, meu caro.
Gostaria de saber a quem agradecer...
ExcluirAinda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
Excluir1 Coríntios 13:1
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.
ExcluirTorelly
ExcluirNão se faz necessário nenhum agradecimento.
ResponderExcluirApenas continue.
Saúde, paz e prosperidade.
Como dois bicudos não se beijam, para eu colocar (mais) um jumento na minha sala...terei de ausentar-me e ele continuará carente rsrs...
ResponderExcluirParabéns por deixar ou não temer o coração encharcado e pela sensibilidade altruísta ou nada neoliberal, "por supuesto".
|Marcos Lúcio
De Mauá à Itararé, você é capaz de reunir nobres, Migliaccio. Quem sabe te elejam...
ResponderExcluirEu sinto muita pena do sofrimento dos animais. Esse burrinho deve ter sido abandonado na estrada para ser atropelado. Depois de uma vida trabalhando como escravo este é o pagamento que recebe. Gatos e cachorros tambem são abandonados nas estradas. Nos paises civilizados o governo protege os animais, contra a maldade de seus donos. Os animais são recolhidos e os culpados são processados. Maltratar crianças, velhos e animais é o fim do fim da picada. Yves Rangel.
ResponderExcluirO homem é o único animal que rí e é rindo que ele mostra o animal que é.
ResponderExcluirMauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirComovente a situação dessa criatura, que assim como nós e as demais criaturas, também é um(a) filho(a) da Terra.
Pena que aquelas antigas localidades de Visconde de Mauá, Maromba e Maringás (uma no RJ e outra em MG), tenham desaparecido logo após a virada do século. Sendo por isso, que a pobre criatura está à mingua.
A estabilidade econômica, aliada à genância inescrupulosa dos falsos ecologistas e naturalistas que se fantasiam de "bicho-grilo(a)", apenas para lograrem a atuação canastrona e típica dos estelionatários (art.171,CP), com seu papo fiado de "ecochatos cabeças-feitas", infestaram o local, tal qual praga, com seus olhos grandes esbugalhados pelos cifrões.
Nada contra os ricos e pousadas de alto luxo. Mas quem em sã consciência sairia do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte ou outro grande centro urbano qualquer, enfrentando 6 ou mais horas de viagem automotorizada, para pagar preços referentes à confortos mil em pousadas luxuosas, sendo que, para usufruí-los, tem-se que ficar enfurnado no quarto ou na área da pousada, principalmente num lugar com abundância de natureza gratuita?
Se for somente pelos confortos e comodidades luxuosas que tais pousadas oferecem e que obrigam ao clautro hoteleiro, numa relação de custo benefício, consegue-se hospedagem semelhante nesses mesmos grandes centros urbanos, pelos mesmos preços pagos lá, com a vantagem de se economizar as pelo menos 6 horas de ida e mais 6 horas de volta, totalizando 12 horas, principalmente, num final de semana com no máximo 48 horas totais (sábado e domingo) e o claustro será o mesmo! (Risos).
Mas tudo bem, cada emprendedor ou empresário que monte sua estratégia negocial e cada hóspede, sua hospedagem, de acordo com o caráter e consciência.
Não defendo hospedagens do nível de uma "vala comum". Se for para ficar numa "vala comum", é melhor ficar em casa. Mas hospedagens seguras, simples, funcionais, limpas, higienizadas, com cozinha trivial rural e claro, preços reais relativos ao melhor sentido da boa propaganda e relação entre prestador hoteleiro e hóspede, já que, quem vai para uma região de natureza abundante, pense em desfrutar o exterior da pousada, onde está a natureza abundante, o grande atrativo de uma região campestre e montanhosa. Indubitavelmente, são bem mais salutares, honestas e verdadeiramente gentis.
Felicidades e boas energias.
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirO art. 32 da Lei Federal 9.605/98, considera como crime grave o(s) mau(s)trato(s) e abandono de animal(is).
Agora pergunto. Cadê a turma "ecológica" de Mauá, tão "cabeça-feita", "espitualizada" e "amigos(as)"?
Devem estar todos ocupados demais, mentalizando o mantra do "Din-Din, Din-Din, Caí Aquí No Meu Cofrinho".
Marcelo,em uma frase você disse tudo:trabalho escravo. E pior,esses escravos não podem comprar a própria alforria.
ResponderExcluirE dizer que os animais são eles...
Aposto que secretário Minc resolve a vida do nosso querido jumento com um telefonema. Drumm
ResponderExcluirQue tristeza, Marcelo. É um crime o que os homens (alguns) fazem com os animais. Além de usarem o bicho em trabalho escravo, muitas vezes sem dar água e alimentação adequadas e trabalhando acima das forças, quando se cansam ou não precisam mais deles, ou se tornavam velhos e doentes, simplesmente deixam abandonado numa estrada. Mas se há quem faça isso até com os próprios pais, abandonando-os em asilos quando começam a dar trabalho, imagina se não fariam o mesmo (ou pior) com um jumento?!... Pobre animal, certamente acabará atropelado, com sua carcaça jogada no acostamento. Quisera eu ser rico e ter uma imensa fazenda para a qual levaria todos esses animais abandonados. Abraços.
ResponderExcluirEu também gostaria de ter uma fazenda assim, Bernardo.
ExcluirVocê não precisava sair cortando corações por aí, não é. Vou dormir pensando no pobre jumento, ou burro.
ResponderExcluirhttp://www.confligerante.blogspot.com.br/2012/05/, e não é que me encantei com seu amigo que também passou a ser meu!
ResponderExcluirPodemos adotar esse jumento, como fazemos?
ResponderExcluirEstamos em São Luiz do Paraitinga-SP...
www.reservaguainumbi.com.br
Abraços
Marcelo
Que pena, voltei de Mauá para o Rio e não sei o paradeiro do animal, Marcelo. Um grande abraço e parabéns pelo seu trabalho.
Excluirjá sofri isso minha consciência me lembra todo dia mas agora quando vejo alguém maltratar um animalzinho eu choro e meu coração sofre!! não cometa o mesmo erro que eu!!!
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